Comportamento
Natureza masculina explicaria alto número de óbitos
Apesar da proporção maior de homens mortos, a percepção de Rubens Recalcatti, responsável pela Delegacia de Homicídios, sobre o Censo 2010, é de que a proporção de mulheres vítimas de assassinato aumentou, apesar de não haver dados de pesquisas passadas para comparação. "Vejo que elas se envolvem mais com o crime, mas o homem está sempre mais exposto", diz ele. Para a advogada Marcia Caldas, do programa Direitos das Crianças e dos Adolescentes, a quantidade maior de veículos nas ruas e a disseminação das drogas estão associadas à maior proporção de mortes de rapazes. "O carro é um troféu masculino e correr demonstra poder", diz.
A juíza Maria Roseli Guiessmann, da 3ª Vara de Infância e Juventude de Curitiba, conta que entre os adolescentes envolvidos em crimes que chegam até ela, mais de 90% são meninos. "Eles se expõem mais", diz.
Apesar da visão negativa sobre os números, o porcentual maior de mortes masculinas pode embutir dados positivos, como a ocorrência de menos casos de mortes maternas por complicações no parto, mas a Secretaria de Estado de Saúde preferiu não comentar os dados, por ser necessária uma análise profunda das informações.
O Paraná aparece entre os estados brasileiros com proporção mais alarmante de mortes de rapazes de 20 a 24 anos em relação ao óbito de mulheres da mesma idade. A média nacional nesta faixa etária é de 421 mortes de homens para cada 100 mortes de mulheres no Paraná chega a 481 casos. O estado fica a frente apenas de Alagoas, Paraíba e Sergipe. Os dados são da nova rodada de informações apuradas a partir do Censo 2010, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A morte de quatro jovens do sexo masculino para cada mulher evidencia, de acordo com o próprio Instituto, a exposição à violência do público masculino.
Pela primeira vez, o IBGE pesquisou os casos de morte por faixa etária nas casas visitadas pelos recenseadores. Ao todo, 1.034.418 brasileiros morreram no período de um ano destes, quase 600 mil eram homens. Atualmente, o total de mulheres no Brasil e no Paraná é apenas um ponto porcentual acima do número de homens, mas a quantidade de óbitos masculinos é 7 pontos maior que as femininas no país e 8 pontos maior no estado (54% de homens contra 46% de mulheres no Paraná).
Além do pico de discrepância proporcional entre mortes de homens e mulheres na faixa de 20 a 24 anos, números elevados também foram encontrados nos grupos de 15 a 19 anos (350 homens para cada 100 mulheres) e de 25 a 29 anos (348 homens para cada 100 mulheres). O IBGE aponta que o número superior de óbitos masculinos se deve a causas violentas, como homicídios e acidentes de trânsito.
Impactos
Para Olga Firkowski, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), números tão expressivos de homens jovens mortos apontam para um impacto no mercado de trabalho, na constituição das famílias e também na composição das famílias já constituídas. Ela destaca que a caracterização da sociedade, com a diminuição no número de crianças e jovens em relação aos adultos e idosos, não é mais a de uma pirâmide.
A configuração etária e por gênero aponta que nascem mais homens do que mulheres no Paraná. Os meninos são predominantes em número até a faixa dos 20 a 24 anos, mas a partir dos 25 anos, são as mulheres que se sobressaem em quantidade. Outros indicadores, como análises de registros policiais, de atendimento em hospitais e de atestados de óbito, também indicam a quantidade expressiva de mortes de homens jovens no Brasil e especialmente no Paraná.
Terceira idade
A partir da idade de 81 anos, o número de óbitos da população feminina começa a superar o da masculina, em função de um maior contingente de mulheres. Na média nacional, a faixa etária dos 75 aos 79 anos é a que concentra o número maior de óbitos masculinos. Já para as mulheres, a maior quantidade de óbitos ocorre dos 80 aos 84 anos. No Brasil, de cada dez mortos, quatro têm mais de 70 anos.
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