FOZ DO IGUAÇU - Táxis e vans de turismo estão proibidos de circular pelo Parque Nacional do Iguaçu. A restrição, prevista no plano de manejo da unidade desde 1999, só passou a ser respeitada neste fim de semana, depois da morte de uma onça-pintada, atropelada na madrugada de sábado na BR-469, no trecho que liga o portão de entrada da reserva ao hotel e às Cataratas do Iguaçu.
A Polícia Ambiental ainda tenta identificar o responsável que, se preso, pode ser condenado a dois anos de prisão e ao pagamento de multa de R$ 5 mil. Segundo laudo divulgado ontem à tarde, a onça foi atropelada por um veículo de pequeno ou médio porte que estava a mais de 60 quilômetros por hora.
A restrição provocou a reação de motoristas e representantes do setor turístico de Foz. Para o presidente do Conselho Municipal de Turismo, Paulo Angeli, a proibição deveria ser gradativa e se estender a todos que trafegam pela unidade. "Não é justo apenas o transporte de turistas ser prejudicado, afinal também circulam pelo parque os veículos das concessionárias, do hotel e do próprio Instituto Chico Mendes", reclama. "Já acionamos o Ministério Público e solicitamos que as investigações sejam acompanhadas pela Polícia Federal."
Além do plano de manejo, o contrato de concessão para a exploração do Hotel das Cataratas, dentro da reserva, também prevê, entre outros, que o transporte dos funcionários e hóspedes do hotel seja feito com ônibus semelhantes aos que levam turistas às Cataratas. A cláusula contratual determina que as mudanças deveriam passar a vigorar a partir do dia 1º de abril e ainda impõe a fixação de horários para a circulação de veículos de fornecedores.
O atropelamento, segundo o Instituto Chico Mendes, aconteceu entre 1 e 3 horas de sábado, horário em que apenas funcionários do hotel, da concessionária e servidores do parque trafegam pelo trecho, de aproximadamente 10 km de extensão. A lista de veículos que entrou na unidade no período estimado do acidente está em poder da Polícia Ambiental. Até o fim da tarde de ontem, faltavam ser vistoriados quatro automóveis. Caso o suspeito não seja identificado nesta primeira leva, a lista deve ser ampliada e incluir a movimentação de todo o sábado.
Também conhecida como jaguar, a onça-pintada (Panthera onca) é uma espécie ameaçada de extinção. O macho adulto, em plena idade de reprodução, teria morrido em decorrência de hemorragia causada pelo rompimento do baço e do fígado. Encontrado às margens da estrada, onde a velocidade máxima permitida é de 40 km/h, o animal pode ter sido arrastado do asfalto até a grama ou, machucado, se afastado sozinho na tentativa de fugir.
Biólogos acreditam que em toda a área de 185 mil hectares do parque vivam apenas dez onças-pintadas. Este é o primeiro caso de atropelamento de onça-pintada dentro do parque. O corpo do animal será empalhado nos próximos dias para estudo.
Representantes de ONGs programam para quinta-feira ato pacífico no portão do parque. Segundo Márcio Bortoli, coordenador da Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia, a intenção é fechar o acesso por uma hora para chamar a atenção da sociedade para o respeito aos limites de velocidade no parque, evitando que os animais sejam atropelados.
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