A morte de três pacientes de Campinas após exames de ressonância magnética colocou sob suspeita a segurança do contraste, composto químico aplicado nos pacientes antes do exame para melhorar a qualidade das imagens.

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O soro fisiológico, injetado após o procedimento, também está sendo investigado. Seis lotes de soro e dois de contraste foram interditados.

Enquanto a causa das mortes segue desconhecida, muitas pessoas cancelaram os exames agendados ou se recusaram a fazê-los utilizando o contraste, segundo Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

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Os médicos garantem, porém, que os riscos de reações alérgicas ao gadolínio (composto químico que é a base do contraste para a ressonância magnética) são muito baixos - de 0,01%, segundo a literatura científica - e não há motivo para pânico.

"É um exame seguro, feito por milhares de pessoas todos dos dias, pode continuar sendo feito com tranquilidade", garante Cláudia Cohn, presidente da Abramed.

Como funciona

O contraste é usado em exames de imagem como tomografias e ressonâncias para aumentar a visibilidade de certos tecidos do corpo e ajudar o médico a identificar estruturas e anomalias, como tumores. Em exames que usam radiação, como a tomografia, as partes mais visíveis na imagem são as que absorvem mais radiação, como os ossos, que aparecem brancos no filme. Tecidos moles ficam "transparentes". O contraste é usado para melhorar a nitidez desses tecidos.

Na ressonância, o contraste de gadolínio muda as propriedades magnéticas das moléculas de água e permite ao médico distinguir entre diferentes estruturas.Segundo o médico radiologista Conrado Cavalcanti, a ressonância com contraste é necessária em várias situações, como doenças inflamatórias e tumores.

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"Quase todos os exames de crânio demandam contraste. Se não, dão inconclusivos. O principal prejudicado será o paciente que ficará sem um diagnóstico correto."

Segundo ele, mesmo usado em doses mais altas (como em casos de pacientes alérgicos ao iodo), o gadolínio não se mostrou arriscado.

Apesar de a ressonância ser de grande valia para melhorar a precisão do diagnóstico, sua indicação em excesso é tema de discussão entre os médicos.

"O exame é muito sensível, mas será que em muitos casos o médico não poderia ter essa mesma informação com um bom exame clínico?", questiona Edson Amaro Jr, professor associado de radiologia na Faculdade de Medicina da USP.

De acordo com o radiologista, o ideal seria que os médicos tomassem a decisão de indicar ou não os exames segundo as evidências científicas existentes. Esses estudos mostram em quais casos a ressonância vai trazer benefício ao paciente, como um diagnóstico precoce ou um tratamento mais eficaz.

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"Quem estiver com medo de fazer o exame pode até se negar, mas precisa entender os prós e contras dessa decisão. A pessoa não vai correr o risco de ter uma reação mas corre o risco de não ter um diagnóstico correto."