Atualizado em 18/04/2006, às 22h38
O número de mortes por conflitos no campo em 2005 teve um crescimento de 106%. A informação foi divulgada nesta terça-feira (18) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). "A injusta concentração fundiária, a não demarcação das terras indígenas e a não realização da reforma agrária" foram os principais causadores do aumento. O Paraná continua entre os estados com maior índice de conflitos no Brasil.
Segundo o relatório da CPT, foram registradas somente no ano passado 64 mortes, contra as 31 de 2004. O ano de 2005 foi o que apresentou o maior número nos 21 anos da publicação 'Conflitos no Campo Brasil'. Foram expulsas, em 2005, 4.366 famílias, contra 3.063 em 2004. Além disso, houve uma queda no número de ocupações, 11,8% menor (sendo 437 ocupações em 2005 461 em 2004 e 391 em 2003) e no de acampamentos, 40% menor.
A comissão considera como conflitos no campo não apenas as vítimas de confrontos armados. "A morte de crianças indígenas por inanição também é considerado conflito", explica Rogério Nunes, secretário executivo da CPT no Paraná.
O Paraná foi considerado pelo relatório como um dos estados que há mais conflitos relacionados a terra. O estado registrou 49 casos no ano passado, com 6.416 famílias, ficando em 5.º lugar no número de conflitos. Ao lado do Pará, o Paraná é o terceiro no ranking dos acampamentos. Foram registrados oito acampamentos, envolvendo 646 famílias, três dos quais pertenciam ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Em primeiro lugar está Pernambuco com 18, seguido do Rio Grande do Sul, com 11 acampamentos.
Um dado que chama atenção no caso do Paraná é o alto índice de despejos registrado nos últimos anos. Foram realizadas 29 ações de despejo, envolvendo 3.659 famílias, 400 das quais pela ação de pistoleiros a mando dos fazendeiros em 2005. No ano anterior foram 46 despejos e em 2003 17 despejos.
Governo contestaA Secretaria de Estado da Segurança (Sesp) Pública contestou o relatório da CPT e, segundo a Agência Estadual de Notícias (AEN), esclareceu que "em 1.188 dias, o governo do Paraná realizou 132 desocupações de áreas em todo o Paraná, média de uma desocupação a cada nove dias. Este governo obedece às ordens judiciais. No entanto, agirá sempre de forma que as desocupações sejam pacíficas e acordadas. Tanto assim nestes mais de três anos e 132 desocupações é insignificante a ocorrência de conflitos entre policiais e sem-terra".
A Sesp afirma ainda que "é incomparável a postura de respeito que este governo tem com os diversos movimentos sociais em relação à postura adotada pelo governo anterior. Em oito anos do governo anterior, foram realizadas 111 reintegrações de posse, restando a cruel estatística de mortos e feridos vítimas da política violenta e truculenta, que não reconhecia a legitimidade dos movimentos sociais e que transformou o Paraná em um campo de batalha".
Ainda, segundo a AEN, a afirmação da CPT de que o número de pessoas presas evidencia um alto índice de conflitos é completamente equivocada. "Este governo respeita os movimentos sociais, entretanto todos os integrantes devem se submeter à lei".
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