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Pacientes em unidade de saúde na Penha entraram em pânico com tiroteio | Bruno Domingos/Reuters
Pacientes em unidade de saúde na Penha entraram em pânico com tiroteio| Foto: Bruno Domingos/Reuters

Rio de Janeiro - A caçada policial aos traficantes acusados de derrubar o helicóptero da Polícia Militar no dia 17 chegou ao asfalto e aterrorizou os mo­­radores do bairro da Penha, zo­­na norte do Rio, e fechou a Uni­­dade de Pronto Atendimento (UPA) que funciona em um parque. Ontem, seis corpos foram encontrados na favela do Fumacê, em Realengo (zona oeste), aumentando para 42 o número de mortos no Rio desde o início dos confrontos, há uma semana.

Na Vila Cruzeiro, 180 policiais do 16.º Batalhão de PM foram re­­cebidos a tiros. Três pessoas ficaram feridas por balas perdidas, e o estado de Severino Mar­colino dos Santos, 51 anos, é grave. Ele foi baleado no rosto. Mo­­radora do apartamento 403 de um prédio na Rua São Camilo – cuja janela da sala tem vista para a Vila Cru­­zeiro, localizada a 500 metros – a aposentada Maria José da Costa, 50 anos, se escondia na cozinha quando a tevê na sala explodiu. "Ouvi e saí correndo. Logo depois, o fogo começou. Foi a segunda bala perdida que entrou aqui. Vou me mudar", disse. A sala ficou destruída.

Atendimento suspenso

Após a operação, outro tiroteio apa­­vorou os pacientes da UPA da Penha. "Tivemos a informação de que traficantes do Morro da Cha­­tuba levariam um comparsa ferido para a UPA, que fica na entrada da área de lazer. Os PMs foram ao local e encontraram oito homens armados descendo o morro. Eles atiraram e revidamos", disse o te­­nente do 16.º BPM Márcio Martins.

Pacientes reclamaram que fo­­ram impedidos de sair. "Eu aguardava atendimento desde as 9 ho­­ras. Quando começaram os tiros, os médicos e funcionários correram. Os seguranças não nos deixaram sair, entramos em pânico", disse Jaqueline Xavier de Melo, 27.

A PM prendeu 13 pessoas em operações na Favela do Jaca­re­­zi­­nho e em Manguinhos, dominadas pelo Comando Vermelho. A fac­­ção é acusada pela invasão ao Morro dos Macacos no dia 16.

AfroReggae

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), exonerou o chefe do Setor de Relações Públicas da Polícia Militar, major Oderlei Santos Al­­ves de Sousa. Para Cabral, ele se comportou como "advogado" dos PMs que não socorreram o coordenador do AfroReggae, Evandro João da Silva, assassinado na madrugada de domingo após um assalto. Eles também roubaram os pertences de Evandro, que os ladrões haviam levado.

"Ele não se comportou como porta-voz da instituição. Ele se comportou como advogado de defesa dos policiais. Isso eu não admito", disse Cabral ontem de ma­­nhã. Sousa havia dito na quinta-feira que o capitão Denis Bizarro e o cabo Marcos de Oli­­veira Salles não podiam "ser chamados de criminosos" e se referiu ao episódio como "desvio de conduta".

Ontem, o advogado do capitão Bizarro, José Aroldo dos Santos, afirmou que seu cliente não teria prestado socorro à vítima poruqe imaginou que poderia se tratar de um mendigo.

A pedido do Ministério Público Militar, a Justiça Militar determinou ontem a prisão preventiva do capitão e do cabo. Eles estão presos administrativamente, mas seriam soltos hoje. A polícia recebeu oito denúncias contra os assaltantes, mas, até as 20 horas, eles ainda não haviam sido capturados.

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