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O número de mortes em confronto com policiais militares aumentou 24% no Paraná em 2014 em relação a 2013. Foram 178 óbitos motivados por supostas resistências à prisão.

Os dados são oficiais, repassados por fonte ligada às polícias Civil e Militar do estado. A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) não costuma divulgar esses números periodicamente.

O que diz Francischini

Em nota, o ex-secretário estadual da Segurança disse o seguinte: “Fico com a sensação do dever cumprido por ver que na minha gestão à frente da Segurança Pública quem morria eram os bandidos e não as pessoas de bem. Espero que os policiais, que arriscam suas vidas no confronto com criminosos, continuem cumprindo com firmeza e legalidade suas missões. Fico satisfeito de ver que até os defensores dos direitos humanos de bandidos são meus seguidores no Facebook. Podem aprender a defender também os direitos humanos das vítimas e dos policiais mortos em confrontos.”

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Os dados também revelam que a média mensal de mortes em confronto subiu bastante nos primeiros cinco meses de 2015, período no qual o deputado federal Fernando Francischini administrou a pasta.

O que diz a Sesp

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária afirmou, por meio de nota, que o confronto é o último estágio que a polícia tem “como foco de prevenção”. Segundo a pasta, a polícia tem reavaliado o posicionamento do patrulhamento ostensivo e de unidades especiais conforme horário e local de maior incidência criminal. “Somado a indicativos do Departamento de Inteligência que permite que a polícia esteja mais bem posicionada para prevenir a ação de criminosos”, afirmou o texto da nota.

Noventa pessoas morreram dessa maneira de janeiro a maio deste ano, ou seja, 18 mortes por mês. Em 2014, a média foi de 14,8 mortes em confronto por mês. No período em que esteve à frente da Sesp, diversas vezes Francischini parabenizou em sua página no Facebook os policiais que mataram em serviço.

Se o ritmo de mortes em confronto se mantiver pelos próximos cinco meses, 2015 ficará marcado como o período que registrou mais mortes em confronto nos últimos anos.

Análise

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam vários fatores que contribuem para a alta letalidade policial. Entre elas estão a falta de transparência no processo que investiga esses casos, a pouca ação da Corregedoria, o baixo controle externo da sociedade civil e um comando que incentiva, mesmo que subjetivamente, a política do “bandido bom é bandido morto”.

Para o diretor do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, que acompanha as taxas de letalidade policial no país, a natureza da função, com exercício da hierarquia e disciplina, coloca o cargo de comando, como a do secretário da Segurança, em posição de exemplo para a tropa. “Se, mesmo que subjetivamente, quem está neste cargo incentiva essas situações, é um sinal verde para que se cometam essas ações.”

O coordenador do Centro de Estudos da Violência e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, acredita que as postagens do ex-secretário no Facebook colaboraram para alta neste ano, mas lembra que o problema é maior e está enraizado na cultura brasileira.

Segundo ele, essas mortes não geram consequências boas para nenhum dos lados envolvidos. “O aumento dos confrontos faz crescer também o risco para os policiais, já que torna a criminalidade também mais violenta”, comenta Bodê.

De acordo com o especialista, os policiais de elite acabam levando vantagem nesses casos, pois têm treinamento mais especializado, mas a maioria não está preparada para participar de confrontos.

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