Equipes de resgate retiraram nesta quarta-feira da lama e escombros mais corpos de vítimas da forte chuva e deslizamentos que deixaram ao menos 133 mortos no Estado do Rio de Janeiro.
O prefeito da capital, onde a trégua da chuva permitiu aos bombeiros intensificar as buscas por vítimas da tragédia, pediu uma ajuda ao governo federal de 370 milhões de reais para a recuperação da cidade.
No Morro do Prazeres, no bairro de Santo Teresa, um menino de 8 anos, que lutava para sobreviver sob os escombros há mais de 24 horas, não resistiu e morreu pouco antes de ser resgatado.
Bombeiros cobertos de lama lamentavam não ter conseguido salvar o menino, que estava debaixo da terra desde a madrugada de terça-feira e ainda conversava com as equipes de resgate nesta manhã.
"Prometi ao pai dele que ia tirar o garoto com vida, mas não consegui", disse o sargento dos bombeiros Luis Carlos dos Santos, com lágrimas nos olhos.
Ao menos 18 pessoas morreram soterradas dentro de suas casas no Morro dos Prazeres, onde o deslizamento de terra provocado pelas águas das chuvas pegou os moradores de surpresa durante a noite de segunda, quando começou a tempestade.
"Casa é o de menos, eu queria as minhas filhas de volta. Eu moraria até debaixo da ponte com elas", lamentou a moradora Gildana da Silva, que perdeu duas filhas, de 14 e 19 anos, na tragédia.
Integrantes da Força Nacional de Segurança foram enviados pelo governo federal para ajudar nas operações no Rio de Janeiro.
A capital do Estado começou a retornar à normalidade nesta quarta-feira e não foram registrados novos deslizamentos. A maior parte do dia foi sem chuva, que apareceu somente no início da noite, mas sem a mesma força do começo da semana.
O prefeito Eduardo Paes, que reuniu-se com o ministro da Integração Nacional, João Santana, pediu uma ajuda de 370 milhões de reais ao governo federal. Segundo Paes, 100 milhões de reais são para obras emergenciais e 270 milhões de reais seriam para a execução de obras que evitem constantes inundações na Praça da Bandeira, que faz a ligação entre o centro e a zona norte.
"De certo, com a sensibilidade do presidente Lula e do amor que ele tem por esse país, com certeza teremos sucesso (na liberação dos recursos). A resposta deve acontecer até amanhã no caso do município do Rio", disse o ministro Santana a jornalistas.
A prefeitura de Niterói pediu uma ajuda ao governo federal de 15 a 20 milhões de reais para a remoção de famílias em áreas de risco e a reconstrução de novas moradias.
O governador Sérgio Cabral Filho e o ministro João Santana se encontraram com prefeitos de outras 11 cidades afetadas pelas chuvas nas regiões serrana e metropolitana.
Previsão de chuva
Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) deve continuar a chover no Rio de Janeiro ao menos até sábado.
De acordo com os números dos Bombeiros, Niterói, na região metropolitana, foi a cidade mais afetada, com 67 mortes e, na capital, foram 44 óbitos. A chuva também deixou mortos em São Gonçalo, Nilópolis, Duque de Caxias, Magé, Paulo de Frontin e Petrópolis. Ainda há 53 pessoas desaparecidas e 135 feridos no Estado.
O temporal também deixou milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas, principalmente no Rio de Janeiro, São Gonçalo e Niterói, que decretou luto oficial de sete dias em memória das vítimas das chuvas, registradas no Estado desde o final da tarde de segunda-feira até esta quarta-feira.
De acordo com o governo estadual, 2.000 pessoas serão desapropriadas de áreas de risco em todo o Estado. Apenas na capital, há 10 mil residências em áreas de risco após o registro de pelo menos 180 deslizamentos.
Os transportes, como trens, metrô e aeroportos, funcionaram normalmente nesta quarta-feira, porém 11 bairros da capital continuavam sem energia elétrica.
A exemplo do que aconteceu na terça-feira, as redes municipal e estadual de ensino tiveram as aulas canceladas nesta quarta-feira. As particulares seguiram a orientação. Na quinta-feira as aulas voltarão ao normal.
O temporal afetou também o futebol, com o adiamento da partida entre Flamengo e Universidad do Chile, pela Copa Libertadores, que estava marcada para esta quarta-feira no Maracanã. O estádio ficou inundado e o gramado completamente alagado após o rio localizado nos arredores transbordar.
(Com reportagem de Douglas Engle e Pedro Fonseca)
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