Os dois militares mortos no incêndio da Estação Antártica Comandante Ferraz o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos, 45 anos, e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, 47 anos serão considerados pelo Ministério da Defesa "heróis nacionais" e as famílias, indenizadas.Ambos foram promovidos "post-mortem" a segundo-tenente e receberão a Ordem do Mérito da Defesa no grau de cavaleiro. O valor da indenização pode chegar a R$ 500 mil. Além desse dinheiro, os filhos em idade escolar receberão auxílio até o ingresso na universidade. Cada um dos dois tinha dois filhos. A proposta terá antes de passar pelo Congresso.
Os corpos dos dois militares chegam hoje ao Brasil e serão recebidos com uma cerimônia de honras militares, no Rio. O Ministério da Ciência e Tecnologia deverá indenizar em R$ 10 mil os pesquisadores que estavam na base para suprir perdas pessoais que ocorreram no incêndio.
O primeiro-tenente Pablo Tinoco, do Arsenal de Marinha, que desembarcou ontem na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, junto com outras 40 pessoas, entre pesquisadores e militares, disse que os dois morreram tentando debelar o fogo no foco do incêndio, perto da casa de máquinas, onde estavam os geradores de energia.
Segundo ele, os dois militares mortos usavam roupas adequadas, máscaras, galões de oxigênio e estavam com cordas amarradas no corpo, procedimento de segurança para serem puxados em caso de emergência. "Todos estavam preparados. No caso dos dois, como iam entrar, a roupa era diferenciada. Os procedimentos foram tomados. Cada um estava fazendo o que foi treinado para fazer. Ninguém tomou atitude insensata, que não tivesse sido delegada. Fizemos o que foi possível", declarou, emocionado.
"Depois que os dois demoraram a voltar, três tentaram entrar, mas a temperatura era alta demais. Quando o segundo tentou ir se arrastando, o comando determinou que não continuasse. Então o terceiro homem se agachou, o pegou pelo pé e o trouxe de volta. Verificou-se que não havia segurança. Ninguém passou do limite".
Tinoco elogiou muito o apoio de pesquisadores. "Na tentativa desesperada de captar água do lago para acabar com o incêndio, tivemos hipotermia. Foram os civis que ajudaram a sanar a hipotermia de um militar e as queimaduras do nosso amigo, o primeiro sargento Luciano Gomes Medeiros (que ficou ferido no incêndio)".
Com as mãos enfaixadas, Medeiros desembarcou de cadeira de rodas do avião e foi levado ao hospital naval Marcílio Dias. A Marinha informou que está prestando apoio às famílias dos militares mortos e do ferido.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que será feita uma investigação para saber o que houve na estação.
Vida e Cidadania | 3:55
Quatro das cinco pesquisadoras da UFPR que estavam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira destruída por um incêndio na madrugada de sábado (25), falam sobre o acidente e contam como foi o momento de retirada da estação.