Os mosquitos fêmea podem transmitir o vírus zika aos seus ovos e à sua prole, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (29). Ele sugeriu ainda que os esforços para matar insetos adultos são insuficientes.
Cientistas da Universidade do Texas, em Galveston, queriam saber se os mosquitos fêmea podiam passar a infecção pelo zika aos seus ovos da mesma forma que ocorre com a dengue e com a febre amarela.
Os mosquitos foram injetados com o vírus zika em laboratório e botaram ovos uma semana depois. Os pesquisadores então incubaram os ovos e criaram as larvas após a eclosão. Testes posteriores mostraram que uma em cada 290 tinha o vírus.
“A proporção pode parecer baixa, mas se considerarmos o número de mosquitos Aedes aegypti em uma comunidade urbana tropical, o mais provável é que este seja alto o suficiente para permitir que o vírus persista, inclusive após a morte dos mosquitos adultos infectados”, disse Robert Tesh, coautor do estudo.
“Fumigar os adultos afetados nem sempre mata as formações imaturas de ovos, ou de larvas”, afirmou Tesh, cujo estudo foi publicado no periódico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.
“Usar inseticida reduzirá a transmissão, mas provavelmente não eliminará o vírus”, acrescentou. A “transmissão vertical” dos mosquitos fêmea aos seus ovos pode ajudar o vírus a sobreviver, inclusive em condições adversas, como acontece durante a temporada seca em zonas tropicais.
Agora, os pesquisadores têm de descobrir se a transmissão natural ocorre da mesma forma que em laboratório. “Encontrar larvas infectadas em um pneu abandonado, ou em um recipiente com água, poderia provar a transmissão vertical”, alertou Tesh.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o zika como uma emergência de Saúde internacional, porque o vírus pode causar más-formações congênitas em fetos de mães infectadas, como a microcefalia e outros danos cerebrais graves.
O zika é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também por contato sexual.
Autoridades de muitos países recomendaram às mulheres grávidas e a seus parceiros que não viajem para regiões – em sua maioria no Caribe e na América Latina – onde há transmissão ativa do vírus.
Desde o final de julho, o estado americano da Flórida registrou 43 casos de transmissão local do zika em algumas partes de Miami e de Palm Beach.
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