Guaíra Dois paranaenses estão às voltas com um problema bastante curioso causado pelo sistema de controle de trânsito em cidades paulistas. O funcionário público Lairton José Maretti e o instrutor de trânsito Lauro Mochnacz foram multados em Cubatão e Bertioga, respectivamente, por não usar cinto de segurança. Detalhe: a multa foi emitida contra a placa das motos deles. O mais grave: eles nunca estiveram nessas cidades.
Mochnacz diz que não poderia ser multado num lugar por onde não passou. Maretti também diz nunca ter viajado a São Paulo com a moto Honda Biz ano 2002, mas teve uma multa emitida pela Companhia Municipal de Trânsito (CMT) de Cubatão, na baixada santista, no dia 23 de outubro de 2006. Só descobriu o débito quando vendeu o veículo no começo deste ano e tentou transferi-la ao novo proprietário. Maretti trabalha na prefeitura de Mundo Novo (MS), mas buscou ajuda de um despachante de Guaíra, onde morava.
Em abril, o despachante Dari Alfredo Heep mandou o pedido ao Detran do Paraná, que encaminhou o caso ao órgão competente em São Paulo, a quem compete decidir sobre a anulação da multa de R$ 127,69 que resulta em cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A Companhia Municipal de Trânsito de Cubatão não revela a situação da infração alegando que seu novo sistema informatizado está em fase de instalação e a consulta só poderá ser feita na próxima semana.
Para o advogado e professor de Direito de Trânsito na UniCuritiba, Marcelo Araújo, os motoristas ficam reféns do Sistema Nacional de Infração por causa de um erro que poderia ser facilmente identificado e corrigido pela autoridade de trânsito onde a infração foi aplicada. Segundo ele, casos absurdos são cada vez mais freqüentes, como multas pela falta de uso do capacete em ônibus ou em carros de passeio.
Algumas pessoas acabam pagando a multa porque a viagem para sanar o problema custa mais caro. É o caso de Lairton Maretti, que pensa em pagar a multa para liberar o documento e completar a transferência ao novo proprietário da moto, já que a viagem a São Paulo custaria o dobro do valor a ser pago. "Apesar de ser um amigo o comprador da moto, corro o risco de ter que desfazer o negócio."