O motorista do caminhão-tanque que provocou o grave acidente neste domingo está preso na Delegacia de Morretes, no Litoral do Paraná. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, ele foi autuado em flagrante por homicídio com dolo eventual. Isso porque, de acordo com a polícia, o painel do veículo já tinha alertado que o freio estava falhando e, mesmo assim, o condutor teria assumido o risco ao continuar conduzindo o caminhão. Em depoimento, o próprio motorista confirmou que o painel do caminhão emitiu alertas de que o freio estava falhando.
Foi instaurado um inquérito policial para apurar os fatos. Não há previsão para o motorista, de 43 anos, ser liberado. Ele vinha do estado de São Paulo para entregar uma carga de 44 mil litros de etanol no Porto de Paranaguá.
Na noite de domingo (3), a Polícia Rodoviária Federal havia confirmado que o motorista tinha sobrevivido ao acidente e encaminhado à delegacia para prestar depoimento.
Após ser ouvido, ele foi detido pela polícia. O auto de flagrante chegou às mãos do juiz do Fórum de Morretes no início da tarde desta segunda-feira (04), que o encaminhou ao Ministério Público (MP-PR) para o órgão emita um parecer sobre a legalidade da prisão do motorista. Cabe ao MP se manifestar se a prisão deve ser mantida ou revogada. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a promotoria deve se manifestar em breve sobre o caso. O juiz então decidirá, com base da manifestação do MP, se liberta ou não o motorista.
Após a prisão, ele submetido a exames de sangue no Instituto Médico Legal (IML), para verificar se há alguma substância química no sangue. O IML tem um prazo máximo de quinze dias para entregar o resultado do exame toxicológico, mas, de acordo com a Polícia Civil, o delegado que cuida do caso teria pedido urgência ao instituto. Os resultados ainda não ficaram prontos.
A Secretaria de Segurança Pública (SESP) informou que todos os exames que envolvem o acidente - tanto o exame toxicológico do motorista, quando os exames de DNA para a identificação das vítimas - estão sendo tratados como prioridade pelo IML, mas que não há previsão para que eles sejam concluídos.
“O primeiro problema que a gente procura é o sistema de freio, mas foi tudo carbonizado e isso compromete a investigação. O tacógrafo também foi incinerado, vamos ter que analisar as imagens para saber a velocidade, mas parece ser um caso clássico: fim de serra, teve um arrasto de 400 metros, freios superaquecidos e acontece esse tipo de coisa”, relata o perito Lawrence Cordeiro. O laudo deve ficar pronto em até 30 dias.
A empresa responsável pelo caminhão, a Concórdia Logística, emitiu uma nota lamentando “profundamente o acidente”. Na nota, a empresa “informa que tem apoiado às vítimas e familiares envolvidos. A companhia auxilia os órgãos competentes na investigação do caso”. A reportagem ainda não conseguiu entrar em contato com a defesa do motorista.
O acidente
Ao todo, 13 veículos se envolveram no acidente. Um caminhão-tanque carregado de combustível, que seguia no sentido Paranaguá, perdeu os freios e tombou no quilômetro 33 da BR-277, perto de Morretes, no Litoral do Paraná, por volta das 18h30. O caminhão colidiu com a mureta de proteção que separa as pistas e invadiu a pista contrária. A carga explodiu e atingiu outros 12 carros. Segundo informações da PRF, três pessoas morreram no local. Um quarto corpo foi encontrado na manhã desta segunda-feira (4).
Segundo a PRF, as pistas da BR-277 foram liberadas por volta das 0h20 desta segunda e estavam totalmente liberadas desde 1h. Por volta das 7h30, o trânsito no local já fluía normalmente, mas havia um forte cheiro de queimado. O tanque do caminhão está no acostamento devidamente sinalizado e deve ser retirado nesta segunda, ainda durante o dia.
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