Um motorista do Uber e uma passageira foram agredidos por um grupo de taxistas na madrugada do último domingo (3) na Água Branca, na zona oeste de São Paulo. O funcionário do aplicativo já identificou dois suspeitos. Ele disse ter informado quem são e as placas dos veículos dos agressores à polícia.
De acordo com o motorista do Uber Rafael Rodrigues Quessada, de 22 anos, ele seguia com uma passageira pela avenida Francisco Matarazzo por volta das 3 horas quando precisou parar em um semáforo em frente à casa de shows Villa Country. “A partir daí, só escutei pancadas no carro. Eles usaram barras de ferro e pedras para nos atacar de todos os lados”, relatou ele nesta terça (5).
Sem saída, contou ele, seguiu pela contramão da via durante cerca de 20 metros para escapar dos agressores. Ele e a passageira, que estava sentada no banco de trás do veículo, tiveram ferimentos leves devido a estilhaços de vidros.
Quessada disse que trabalhava como motorista de táxi há quatro meses, quando deixou a praça para virar funcionário do Uber. “A intenção deles [taxistas] é colocar medo nos motoristas do Uber e nos passageiros. Mas eu não vou me intimidar. Assim que meu carro sair da oficina na semana que vem, eu volto a trabalhar”, afirmou.
Ele disse que era taxista de frota e pagava R$ 150 por dia para trabalhar com um Volksvagem Voyage sem ar-condicionado ou direção hidráulica.
O conserto do seu Honda Civic modelo 2016 - destruído pelos taxistas - vai ficar em R$ 7 mil e será pago pelo Uber. A empresa também vai depositar na conta de Quessada o valor médio que ele lucraria nos sete dias que vai ficar parado aguardando o conserto do veículo. A vítima disse que ainda faltam 24 parcelas para quitar o carro.
Quessada afirmou que a passageira do carro não quis registrar boletim de ocorrência com ele porque tem medo de represálias. Ela contou que mora na região e passa pelo local do crime quase todos os dias.
Em nota, o Uber informou que “considera inaceitável o uso de violência contra cidadãos que respeitam as leis. Os motoristas parceiros têm o direito de trabalhar honestamente para ganhar seu sustento, assim como os usuários têm o direito de escolher como querem se mover pela cidade.”
Outros casos
Em agosto de 2015, a Folha de S.Paulo revelou o primeiro caso de agressão a um motorista do Uber em São Paulo. Na época, um motorista também de 22 anos do aplicativo Uber foi sequestrado e agredido por taxistas durante a madrugada no bairro do Itaim Bibi, área nobre da zona oeste.
Em depoimento à polícia, ele disse ter sido atacado por 20 taxistas e forçado por quatro homens, um deles armado, a entrar em um táxi. Mantido refém por meia hora, ainda levou um soco na boca.
Em novembro, outro motorista do Uber foi agredido por um grupo de taxistas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O espancamento foi gravado e postado em redes sociais e provocou notas de repúdio inclusive do prefeito da cidade, José Fortunati (PDT).