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Após dois dias de caos, os motoristas e cobradores de São Paulo decidiram voltar ao trabalho a partir da 0h desta quinta-feira (22). Eles, porém, ameaçam voltar a paralisar a cidade caso as empresas concessionárias do serviço não aceitem renegociar o reajuste salarial da categoria.

A decisão ocorreu durante encontro de trabalhadores dissidentes, representantes do sindicato, contrários a greve, e Ministério do Trabalho.

Ficou definido que será pedido ao prefeito Fernando Haddad (PT), em reunião nesta quinta, que interceda junto às empresas, que querem manter um acordo já firmado com o sindicato, que prevê 10% de reajuste.

Os trabalhadores, sem uma liderança clara, falam em aumento de até 33%, um valor maior de vale-refeição e troca do plano de saúde."Nunca vi uma radicalidade tão grande por parte das empresas. Os empresários estão intransigentes e não aceitam reabrir negociações. Por isso, [os grevistas] decidiram pedir a intervenção do prefeito para que ele ajude a pressionar", disse o superintendente regional do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros, que intermediou o encontro.

Nesta quarta (21), 14 dos 28 terminais da cidade chegaram a ficar fechados simultaneamente, enquanto outros ficaram praticamente vazios, já que as garagens de cinco empresas - Santa Brígida, Sambaíba, Gato Preto, Via Sul e VIP - foram bloqueadas pelos grevistas logo pela manhã.

As regiões norte, sul e oeste foram as mais prejudicadas. No terminal Pinheiros, na zona oeste, apenas uma linha estava funcionando no fim da tarde. O rodízio de veículos voltou a ser suspenso.

Segundo o secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, cerca de 1 milhão de pessoas foram afetadas nesta quarta (21) pela paralisação. Já o SPUrbanuss, sindicato das empresas, afirmou que cerca de 4 mil ônibus, que atenderiam 2,6 milhões de pessoas, não deixaram as garagens.

A volta para casa continuou complicada. Na noite anterior, passageiros chegaram a passar a noite em terminais.

Os grevistas protestaram também em vias de grande circulação, como as avenidas Rebouças, Faria Lima e Francisco Morato, na zona oeste, e Inajar de Souza, na norte.

A tática foi semelhante à usada na terça (20): os ônibus eram abandonados em fila, bloqueando parte das vias. Segundo o secretário de Transportes, homens armados obrigaram ônibus a parar na zona sul da capital.

Em Brasília, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) chamou a paralisação de "irresponsabilidade" e criticou os sindicatos, que, disse, estão aproveitando a proximidade da Copa para protestar.

"As pessoas não vão simplesmente aceitar que categorias profissionais, por um interesse localizado, prejudiquem o conjunto da população, em um momento tão importante pro Brasil", afirmou.

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