Dois dias após o reinício da fiscalização pelos agentes da Diretoria de Trânsito (Diretran), ligada à Urbanização de Curitiba (Urbs), os motoristas da capital voltaram a aderir aos cartões do Estacionamento Regulamentado (EstaR). Ontem, na região central da cidade, era possível ver que a maioria dos automóveis trazia o papel no para-brisa. Segundo a Urbs, a decisão de retomar as checagens ocorreu após reclamações de comerciantes e motoristas que se sentiram prejudicados pela permanência de um mesmo veículo durante várias horas na mesma vaga.Apesar da volta ao trabalho, a Urbs segue impossibilitada de transformar as anotações dos agentes em multa de trânsito. O motorista somente recebe a punição se o funcionário da Diretran acionar um policial do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), que poderá punir o infrator ainda na rua. A Urbs, entretanto, continua computando as ocorrências e recebendo o valor de R$ 15 referente à regularização, recolhido na forma da compra de um bloco de talões. Quem não fizer a regularização, entretanto, não será multado.
Precaução
O administrador de empresas Romeu Herbert, de 64 anos, recebeu uma anotação ao estacionar na Rua Visconde do Rio Branco, no centro, sem o talão. "Por via das dúvidas, preferi comprar o bloquinho a arriscar receber pontos na carteira", explica. Para o presidente da Associação dos Moradores do Bigorrilho e Campina do Siqueira (Abicam), Paulo Bueno Neto, a Urbs não informou a população sobre a questão. "O cartão do EstaR continua informando que, se não houver regularização em cinco dias, o proprietário do veículo vai ser multado", salienta.
A Gazeta do Povo pediu à Urbs um relatório com o número de anotações feitas nesses dois dias, mas a assessoria de imprensa do órgão informou ser impossível realizar levantamentos parciais somente o total em um mês.
Agentes da Diretran disseram ontem à reportagem que nos últimos dois dias a adoção do EstaR voltou a um patamar próximo ao percebido antes de setembro, quando a Justiça proibiu a Urbs de exercer poder de polícia. O guardador de carros Flávio Marins de Moraes, que revende cartões do EstaR, diz acreditar que a procura esteja 30% abaixo do normal, porém crescendo. "Ainda têm alguns que não compram, dizendo que agora não precisa mais", ressalta.