Mais da metade dos acidentes de trânsito com vítimas no Paraná envolvem motocicletas, segundo dados coletados pelo Corpo de Bombeiros. Em 2012, dos 56.353 acidentes de trânsito registrados pelo banco de dados da corporação, 31.872 tiveram motocicletas entre os veículos relacionados. O número corresponde a 56,5% de todos os atendimentos ligados ao trânsito do estado no último ano.
Se levarmos em conta os dados dos últimos oito anos, o total de acidentes no qual houve o acionamento dos bombeiros, e que tinham motos entre os veículos envolvidos, saltou de 19.419, em 2005, para 31.872, em 2012. A diferença de 12.453 acidentes representa 64,1% de aumento nesse tipo de atendimento.
Apesar disso, o resultado poderia ser ainda pior, já que a frota total de motos no estado aumentou 110% no mesmo período saiu de 553.606, em 2005, para 1.162.054 (somadas motocicletas e motonetas). O aumento de veículos sobre duas rodas circulando aumentou um terço a mais que a média geral de todos os veículos do estado (68,91%) no mesmo intervalo de tempo eram 3,4 milhões, em 2005, e no fim de 2012 já eram 5,8 milhões.
Seja para quem faz entregas rápidas ou para quem precisa chegar depressa no trabalho, a dica principal para tentar evitar acidentes é adotar a prudência na hora de pilotar a moto. Para os motoristas de carro, também há dicas importantes para evitar acidentes. A reportagem da Gazeta do Povo separou as dicas do diretor de educação da Secretaria de Trânsito (Setran), Cassiano Novo, para atitudes que podem ajudar a evitar acidentes (veja no quadro ao lado).
Seguro
Marcio Norton, diretor de Relações Institucionais da Seguradora Líder DPVAT (seguro do trânsito brasileiro), relata que não é por acaso que a motocicleta tem a segunda tarifa de apólice mais cara entre os veículos. Atualmente, os donos de motocicletas pagam R$ 292,01 pelo benefício obrigatório, ficando atrás apenas dos ônibus que têm cobrança de passagem R$ 396,49. Os automóveis, por exemplo, mesmo podendo levar mais pessoas que as motos, estão na faixa de preço de R$ 105,65.
"As motocicletas são veículos mais baratos, têm uma mobilidade muito boa na imobilidade dos grandes centros, e são utilizadas tanto para uso profissional quanto para o uso particular. Ela está neutralizando um pouco qualquer mecanismo que tenha conseguido reduzir os acidentes com outros veículos", disse Norton.
A nível nacional, a motocicleta, conforme informações do próprio DPVAT, corresponde a 27% da frota total hoje em cerca de 75 milhões de veículos. Isso significa que cerca de 20 milhões de motos rodam no país. Os acidentes com moto, no entanto, são responsáveis por 69% das indenizações por morte.
Outro aspecto que chama a atenção em relação aos acidentes com moto está no fato de que a pessoa que está em um carro normal tem em torno de 23% a 25% de precisar ser indenizado em caso de acidente. O pedestre experimenta uma faixa de risco de 50%. Mas nos casos de batidas ou quedas envolvendo motos, 74% das indenizações vão para o próprio motociclista.
Comportamento de risco
O diretor de educação da Secretaria de Trânsito (Setran), Cassiano Novo, desenvolve um trabalho de mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) relacionado ao tema. Ele alerta que a maior parte desses acidentes ocorre pelo comportamento de risco assumido pelos condutores das motos. "O principal contribuinte para os acidentes de moto são os próprios motociclistas. O motociclista tem uma exposição maior aos riscos, não tem cinto de segurança, não tem airbag e ainda assim tem uma circulação do trânsito que é, em boa parte dos casos, de imprudência", relata.
Novo diz que nos estudos que realizou até agora houve a percepção de que o comportamento de imprudência tende a ganhar intensidade com o passar do tempo. "Com o passar dos anos, os motociclistas que trabalham com moto vão adquirindo autoconfiança, que em algumas situações se reflete em um comportamento de maneira mais ousada. Um pode ser mais em relação à velocidade, e outro em relação ao avanço de sinal vermelho. Cada um tem uma percepção de risco de uma determinada maneira", analisa.
Novo cita ainda a formação dos condutores de motocicleta como algo determinante. Segundo ele, apenas a passagem pelos centros de formação de condutores é insuficiente para dar bagagem ao motociclista. Ele alerta que a maior parte das batidas ocorre nos primeiros anos após o condutor tirar a habilitação.
"Ainda temos outra questão grave nesse aspecto. Existem muitos motociclistas circulando em Curitiba sem a Carteira Nacional de Habilitação. Se a formação já é baixa entre condutores com habilitação, imagine a pessoa que pega uma moto e sai pilotando", diagnostica.