Uma manifestação liderada pelo Sindimotos e pela Congregação de Clubes de Motociclismo e Congêneres do Paraná parou alguns dos pontos mais movimentados de Curitiba ontem à tarde, como o cruzamento entre a Rua Marechal Deodoro e a Avenida Marechal Floriano, região central da cidade. Cerca de 150 motociclistas participaram do protesto contra o aumento do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT).
O grupo permaneceu durante 15 minutos nas proximidades do Palácio Iguaçu, sede do governo do estado, e por mais 10 minutos em frente ao prédio da prefeitura, no Centro Cívico. Para Robson Sponton Prado, presidente do Sindimotos, a organização é uma das maneiras de abrir os olhos do resto da população para as reivindicações da classe. "É a única forma de conseguirmos o apoio do povo, que pode ajudar nesta batalha", diz. Cada motoqueiro encontrado no percurso, que começou no estádio Pinheirão e teve seu ápice no Palácio Iguaçu, foi convidado a integrar o comboio.
Por vários anos consecutivos, o DPVAT, pago à vista na primeira parcela do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), recebeu uma série de aumentos. Em 2005, o valor da tarifa era de R$ 96. Em 2006, a taxa chegou a R$ 137. No ano passado, a tarifa alcançou R$ 183. Neste ano, o valor pago pelos motociclistas foi de R$ 254. Em 2009, a taxa será próxima de R$ 314.
Acidentes
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o acréscimo na tarifa se deve ao alto índice de acidentes envolvendo motociclistas, que onera os responsáveis por veículos de outras categorias. Para os carros, o DPVAT custou R$ 84,87 neste ano.
Segundo o Sindicato das Empresas de Seguro Privado do Paraná e Mato Grosso do Sul, em 2007, as motocicletas representavam 23% da frota paranaense. Do total de acidentes no ano passado, 50% tinha uma moto envolvida, com 44% do valor total de indenizações destinados aos condutores das motos. Essa proporção aumentou. No primeiro semestre deste ano, com os mesmos 23% da frota, a porcentagem de acidentes com motos chegou a 57%, alcançando 47% do total de indenizações.
Para Paulo Ricardo Kugler, presidente da Congregação de Clubes de Motociclismo, não há como comparar os acidentes entre motoqueiros e condutores de carros. "Se um carro bate em uma moto, geralmente não acontece nada com o motorista. Mas o motoqueiro precisa recorrer ao hospital e ao seguro obrigatório", diz. Sponton Prado tem a mesma opinião. "Nós estamos recebendo um aumento abusivo desse seguro há vários anos. E não existe uma política de trânsito voltada para as motos", afirma.
Reivindicações
Além do manifesto, o Sindimotos e a congregação protocolaram ontem um documento na prefeitura de Curitiba pedindo uma série de mudanças que incluam a moto nas políticas de trânsito. Entre os pedidos, estão o cancelamento das multas aos motociclistas que circulam pelo corredor formado entre os carros; a criação de uma pista para uso exclusivo das motos, e a ampliação da área de estacionamento na região central. "Isso facilitaria bastante o trabalho de quem precisa da moto e evitaria uma série de acidentes", diz Sponton Prado. "A população só se dá conta da importância dessas atualizações no trânsito quando há atrasos na entrega de medicamentos ou quando a pizza chega fria. Nenhuma cidade grande consegue sobreviver mais sem o trabalho dos motociclistas."
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