Após mais de 24 horas de cárcere privado, apenas a ex-mulher do mototaxista Joelson Gomes Ferreira, 30 anos, continua refém em uma residência em Joaquim Távora, no Norte Pioneiro. Por volta das 7h30 da manhã, Ferreira liberou o filho de 5 anos. O menino foi avaliado por médicos do Corpo de Bombeiros e entregue a familiares. Ele não sofreu ferimentos e passa bem.
O clima na manhã desta sexta (11) aparentemente é mais favorável do que na noite de quinta (10). O portão de correr que estava fechado, com negociações apenas por celular, já está totalmente aberto. Os policiais continuam tentando convercer Ferreira a se entregar e liberar a ex-mulher, Lidiane, que pode estar ferida por conta de uma briga com Joelso no início do cárcere privado.
Madrugada
"Passamos a madrugada inteira negociando, com intervalo de 40 minutos entre cada contato. Ele possibilitou que a ex-mulher e o menino dormissem por volta das 4 horas da manhã. Ele chegou a cogitar a possibilidade de exigir um advogado, porém, logo depois abriu mão desta exigência", relatou o tenente-coronel Nerino de Brito, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, que acompanha as negociações.
O comandante do Bope relata que vários elementos influenciam a negociação tanto tempo depois do início das intimidações. O mais evidente deles, o cansaço, pode ser decisivo para que sejam obtidos avanços na liberação da última vítima. "Durante as negociações, nós não dormimos, mas ele também não dormiu. Ele deve estar cansado, fator que pode ser levado em consideração", disse.
Ferreira contou também que as negociações estão centralizadas em uma pessoa. A intenção é que seja criado um vínculo entre o mototaxista e o responsável pelos contatos entre o ambiente externo e interno. "Tem uma equipe dando apoio ao negociados, que conseguiu com que ele criasse uma empatia. Isso é explorado e todos os esforços são para que a haja a liberação também da ex-mulher", contou.
Negociação
Joelson Gomes Ferreira invadiu a residência por volta das 6h30, depois que o pai da ex-mulher saiu de casa para trabalhar. Uma adolescente de 11 anos irmã caçula de Lidiane também esteve rendida, mas foi libertada pouco depois das 13 horas. Uma sobrinha de Lidiane, que tem 13 anos, dormia em um quarto nos fundos da casa. Ela não chegou a ser feita refém e conseguiu deixar a residência por volta das 11 horas de quinta (10).
Em seguida, os negociadores da polícia argumentaram com Joelson que Lídia - ex-sogra - já tem idade avançada e, caso ela viesse a sofrer algum problema de saúde em função do cárcere privado, a situação legal dele se agravaria. A mulher de 65 anos foi libertada por volta das 18h30, última vítima liberada na quinta-feira (10). Ela chegou a ser encaminhada para um hospital, mas foi liberada em seguida e está reunida com as outras vítimas do mototaxista na casa de amigos da família.
Segundo informações repassadas pela Polícia Militar nesta quinta-feira (10), ele está armado com uma pistola calibre 380, um revólver calibre 38 e uma banana de dinamite inserida em um tubo de PVC.
As ordens da operação partem de dentro de um veículo da Unidade de Gerenciamento de Crises, do Bope. Além dos grupos especializados da PM, a Rotam do 2° Batalhão da Polícia Militar faz o isolamento da área. A operação mobiliza cerca de 40 policiais.
Motivação
Joelson mora em Curitiba e foi de táxi a Joaquim Távora na madrugada desta quinta-feira (10). Por três anos, viveu com Lidiane na capital paranaense. Segundo o pai dela, o casal sempre passava por dificuldades financeiras e ele tinha que ajudá-los, enviando dinheiro. Por causa disso, há um ano e meio, a mulher decidiu abandonar Joelson e voltou com o filho para Joaquim Távora.
No Norte Pioneiro, Lidiane voltou a viver com a família. Atualmente, ela trabalha no setor de compras do Frigorífico Pioneiro e cursa ciências contábeis em uma faculdade da região.
Assim que foi deixado pela mulher, Joelson passou a telefonar regularmente a ela, tentando reatar o casamento. O pai de Lidiane disse que as ligações haviam cessado há cerca de três meses. Desde então, ninguém da família manteve qualquer contato com Joelson.
À polícia, Joelson disse que se sentiu abandonado pela esposa. Desde que ela retornou a Joaquim Távora, o mototaxista não tinha mais visto o filho. Lidiane já havia avisado a polícia que sofria ameaças do ex-marido. Há boletins de ocorrência registrado contra Joelson em Curitiba e em Joaquim Távora.