O Ministério Público (MP) de São Paulo instaurou hoje (10) um inquérito civil para apurar as razões que levaram a uma operação policial na região da cracolândia, no centro capital paulista. Desde terça-feira (3) da semana passada, a Polícia Militar (PM), acompanhada da Guarda Civil Metropolitana (GCM), ocupou as ruas onde se fumava crack livremente para acabar com o tráfico e uso de drogas no local.
Para o Ministério Público, a ação não conseguiu atacar as raízes do problema e apenas espalhou os viciados por outras regiões da cidade. "Colocando-os de modo inacessível aos agentes de abordagem social", segundo o promotor de Direitos Humanos e Inclusão Social , Eduardo Ferreira Valério.
Para o promotor, da maneira como a ação está sendo conduzida, não há enfrentamento efetivo do crime na região, além de causar sofrimento desnecessário aos usuários de drogas. Valério apontou como principal problema da ação a "falta de articulação com os demais órgãos da prefeitura e do próprio estado, sobretudo no que se refere a assistência social e saúde".
Truculência
Ele criticou ainda a truculência da força policial. "Não é possível imaginar que essa operação à base de cavalos, gás lacrimogêneo, balas de borracha, dor e sofrimento vai fazer cessar o tráfico na cidade de São Paulo".
O inquérito assinado também pelas promotorias de Direitos Humanos e Saúde, Infância e Juventude e Habitação e Urbanismo vai ouvir pelo menos nove pessoas. Estão incluídos na lista os responsáveis pela operação policial e autoridades das áreas de saúde, assistência social e habitação dos governo estadual e municipal.
O último balanço da Operação Integrada Centro Legal divulgado hoje, às 11h, diz que até agora foram feitas 23 prisões, 25 recapturas de condenados, apreendidos 447 gramas de crack e 28 internações.
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