Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Justiça

MP atenderá vítimas de estupro

“Muitos estupros hoje ficam impunes”, diz Rosângela Gaspari | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
“Muitos estupros hoje ficam impunes”, diz Rosângela Gaspari (Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo)

A Polícia Civil do Paraná investiga hoje 100 casos de estupro em Curitiba. No Hospital Evangélico, uma das unidades referências em cuidar de vítimas deste crime, 63 mulheres foram atendidas entre janeiro e outubro deste ano. O número de casos, no entanto, pode ser maior, já que uma das consequências do estupro é o silêncio causado pelo medo, vergonha e sensação de culpa. Para tentar minimizar esse quadro, o Ministério Público (MP) do Paraná lança na próxima quarta-feira o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Estupro (Naves).

Pioneiro no estado, o Naves será formado por psicóloga, promotora e assessora jurídica. O objetivo é dar suporte para a vítima reconstruir a vida, de modo que se sinta segura o suficiente para testemunhar em uma ação penal contra seu algoz. "Você não está sozinho. Quebre o silêncio. O Ministério Público está com você", é o slogan do Naves.

"Assim, muitos crimes não ficarão impunes", afirma a procuradora de Justiça Rosângela Gaspari, autora do projeto. Atualmente, tramitam nas varas criminais, segundo ela, 200 ações penais que julgam casos de estupro. "[Mas] muitos não estão virando processo", lamenta.

Público

Num primeiro momento, o Naves vai trabalhar em horário comercial. De acordo com a demanda, poderá haver um sistema de plantão em finais de semana. Serão atendidas apenas pessoas com mais de 18 anos, mulheres ou homens, vítimas de Curitiba. Segundo Rosângela, sabe-se que a maioria das vítimas é mulher, mas o Naves não ficará restrito a um gênero. A procuradora estuda ampliar o atendimento para outras localidades.

A psicóloga da Clínica-Escola da Universidade Tuiuti do Paraná, Maria Cristina Antunes, participou da formatação do projeto. Segundo ela, minimizar o quadro de sequelas é um trabalho que leva tempo, mas o núcleo incentivará a vítima a fazer terapia até se recuperar. Para isso, está sendo criado também um Centro de Atendimento à Vítima de Estupro na Tuiuti. Depois de passar por dez sessões no Naves, o Centro ofertará o atendimento complementar.

"As sequelas do estupro são as mais variadas, como estresse pós-traumático, pânico, depressão, sentimento de culpa. Depende de cada um. Por isso, a ideia do núcleo é fazer um atendimento focado, tentando tratar de forma emergencial e mobilizar a vítima para continuar depois", explica a psicóloga.

Os Hospitais das Clínicas e Evangélico, referências no atendimento às vítimas de estupro, também ajudarão o Naves. Segundo Rosângela, as instituições notificarão o núcleo quando uma vítima for atendida.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.