A Promotoria de Justiça de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, denunciou na última quarta-feira, dia 7, sete ex-funcionários da empresa de vigilância Centronic, por envolvimento nos crimes que levaram à morte do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, de 19 anos, flagrado pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da XV, em Curitiba, na madrugada de 3 de outubro.
Marlon Balem Janke, Eliandro Luiz Marconcini, Ricardo Cordeiro Reysel, Leônidas Leonel de Souza e Emerson Carlos Roika (atualmente presos na Delegacia de Polícia de Almirante Tamandaré) e Roberto Prado Franchi, foram denunciados pelos crimes de formação de quadrilha armada, tortura mediante seqüestro, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Outro funcionário, que também está preso na mesma Delegacia, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Segundo o MP, o homicídio foi considerado triplamente qualificado por ter três motivos: para assegurar a impunidade do crime de tortura, uma vez que a vítima, ao gritar que era filho de um jornalista, teria sido considerada uma ameaça concreta à impunidade dos acusados, que não seriam reconhecidos se a vítima estivesse morta; por ter usado meio cruel; e por recurso que dificultou a defesa da vítima, que estava subjugada e rendida por várias pessoas. Para a Promotoria, Bruno teria sido seqüestrado inicialmente por uma e, depois, por duas pessoas, torturado por seis, e morto por sete acusados, estando todos eles armados e com treinamento na área de segurança.
Nova reconstituição
O advogado Antônio Neiva de Macedo Filho, que defende o vigilante Marlon Balem Janke, 30 anos, acusado de dar o tiro que matou o estudante, vai solicitar à Justiça uma nova reconstituição da morte, bem como uma acareação entre os três suspeitos do homicídio: Janke, Eliandro e Douglas. Os dois últimos afirmam que Bruno já estaria morto quando chegaram no matagal em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, onde o corpo foi encontrado. A versão é negada por Janke. "A intenção é justamente esclarecer esses pontos divergentes", afirma Macedo. O pedido deve ser feito no período de 15 a 20 dias, logo após Janke ser interrogado pela Justiça.
Assassinato
Bruno foi morto após supostamente ter sido flagrado pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da XV. Antes de ser levado ao matagal à beira da Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, ele teria sido torturado na sede da Centronic. Os vigilantes são suspeitos de terem torturado outros pichadores, conforme mostra imagem gravada no celular de Janke. O próprio vigia acusado de dar o tiro que vitimou Bruno admitiu, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, que era praxe dos funcionários da Centronic sujarem de tinta os pichadores detidos.
Além de Janke, Marconcini e Rodrigues, outros três funcionários da Centronic estão com a prisão preventiva decretada Souza, Reysel e o gerente Vilso Grossi. Todos estão foragidos.
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