O Ministério Público do Paraná (MP-PR) ofereceu denúncia contra sete pessoas suspeitas de vender carteiras de habilitação para analfabetos e semianalfabetos na cidade de Palmas, no Sudoeste do estado. Participavam do esquema quatro examinadores da Ciretran, entre eles um policial civil, uma psicóloga e dois empresários proprietários do Centro de Formação de Condutores Globo.
O chefe da 55.ª Ciretran também fazia parte da organização, segundo o MP-PR, e mesmo alertado por funcionários do órgão não tomou providências. A psicóloga é a vereadora e ex-prefeita da cidade Joana DArc Franco de Araújo Parenti.
Todos estão sendo acusados de formação de quadrilha e corrupção ativa e podem ser condenados no primeiro caso de 2 a 12 anos de reclusão, mais multa. Pelo crime de corrupção, caso sejam condenados, os suspeitos podem receber pena de 1 a 3 anos de prisão. De acordo com a investigação, eles cobravam de R$ 20 a R$ 2 mil dos alunos.
Segundo a investigação feita pela promotora de Justiça Danielle Garcez da Silva, os suspeitos entravam em contato com os alunos que estavam tendo mais dificuldades e que apresentavam problemas na leitura ou na interpretação de textos. Nos exames práticos de direção, os examinadores não consideravam as faltas cometidas pelos candidatos.
Outro lado
O chefe da Ciretran não foi encontrado para comentar o caso, mas uma das proprietárias do centro de formação de condutores, que não quis se identificar, disse estar surpresa com a denúncia. "Isso aconteceu em 2002 e 2003. Na época, o serviço de inteligência do Detran fez uma investigação e detectou cerca de 80 alunos por causa dessa denúncia. Todos refizeram as provas e a maioria passou. Eu sempre procurei o resultado do processo, mas no Detran me diziam que ele tinha sido arquivado", afirmou. Ela também disse que eles nunca tiveram acesso aos alunos durante as provas e que isso não é permitido aos instrutores. A reportagem também tentou contato com a ex-prefeita, mas não obteve sucesso.
A denúncia oferecida destaca que os acusados chegavam a fornecer aos candidatos as respostas das questões teóricas, repassavam o ditado da prova mais de uma vez, ou o transcreviam no quadro negro, ou ainda forneciam o texto escrito em papel.
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