São Paulo O promotor José Carlos Blat, responsável pelas investigações na esfera criminal do acidente no Metrô, disse que o Ministério Público já tem provas materiais de que houve negligência no episódio, faltando ainda apontar os responsáveis por tal negligência. Tão logo terminar o resgate do último corpo na cratera da Linha 4, o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil vão determinar a interdição total dos trabalhos para que peritos possam buscar novas provas que apontem as causas e os responsáveis pelo desmoronamento.
No inquérito policial já foram ouvidos, desde sexta-feira, dez pessoas, entre moradores, testemunhas e familiares de vítimas. Pelos relatos, rachaduras nos imóveis começaram a surgir semanas antes do acidente. O problema teria sido comunicado à Subprefeitura de Pinheiros, mas não chegou ao Ministério Público, assim como a informação de que, dias antes do acidente, os responsáveis pela obra registraram falhas de engenharia.
O consórcio Via Amarela, responsável pela construção a Linha 4 do Metrô, evitou polemizar. Informou apenas que a empresa, neste momento, está trabalhando para ajudar no resgate dos corpos e no socorro às vítimas, às famílias desabrigadas e aos familiares dos desaparecidos.
Ontem, o governador José Serra (PSDB) confirmou que o Metrô suspendeu os pagamentos ao Consórcio Via Amarela pelas obras da Linha 4. Ele atribuiu a medida a uma inviabilidade técnica de fazer a medição do trecho que desabou na sexta-feira. "À medida que essa obra já não existe, não se poderia pagar a medição dela. E as faturas chegam misturadas. Houve a suspensão para efeito de fazer essa separação", afirmou.
Ele disse que as obras continuarão em outros trechos e que os pagamentos serão feitos normalmente sempre que forem apresentadas as faturas com as medições.
Serra negou que a suspensão tenha ocorrido porque o governo considera que pode ter havido negligência dos responsáveis pela obra.
"Não, absolutamente nada. Essa suspensão em si tem esse significado: não se poderia pagar medição de obra que foi destruída pelo acidente."
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