"Mal que vem para o bem"
O secretário de Estado de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchôa, disse ontem que os efeitos provocados pela onda de atentados contra ônibus e delegacias de São Luís são como "um mal que vem para o bem". "O governo está fazendo o que está ao alcance dele. Por conta dos acontecimentos, olha o encadeamento de investimentos que está sendo feito", afirmou.
Direitos Humanos
Estado deve comandar solução nas prisões, diz ministra
Folhapress
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) afirmou ontem que cabe ao governo do Maranhão gerenciar e comandar a solução dos problemas nos presídios do estado. Para a ministra, é preciso "retomar o controle".
"É preciso uma atuação forte e integrada. O governo federal está a disposição como sempre esteve, mas o gerenciamento e a solução do problema precisa ser comandada pelo estado", disse a ministra.
Segundo ela, há uma guerra declarada dentro dos presídios maranhenses. A maior rivalidade no complexo é de presos da capital versus presos do interior do estado. Eles formam duas facções diferentes. A Anistia Internacional também se manifestou e disse estar "preocupada com a falta de soluções concretas para os problemas do sistema carcerário do estado."
Vídeo
Algumas das mortes foram registradas em vídeo gravado pelos próprios presos. As imagens, encaminhadas ao jornal Folha de S.Paulo pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do estado do Maranhão, são chocantes. Maria do Rosário disse que não conseguiu assistir ao vídeo no qual presos celebram a selvageria dentro do complexo de Pedrinhas. São dois minutos e 32 segundos em que os próprios amotinados filmam em detalhes três rivais decapitados e se divertem exibindo os corpos.
O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) fez um pedido ao governo do estado para que solicite o apoio da Força Nacional de Segurança nas ruas de São Luís (MA). O ofício foi encaminhado ao secretário da Casa Civil do Maranhão, João Abreu, pela procuradora-geral de Justiça em exercício, Terezinha de Jesus Anchieta Guerreiro, para que haja policiamento ostensivo em toda a região metropolitana da capital. As informações são da Agência Brasil.
O superlotado complexo de Pedrinhas (com 1,7 mil vagas e 2,5 mil presos), em São Luís, registrou 62 mortes no ano passado e foi também de onde partiu ordens para atacar ônibus e delegacias da capital maranhense nos últimos dias.
No documento, o MP estadual destaca que a medida é necessária tendo em vista os recentes casos de violência e vandalismo praticados por ordem de líderes de facções e organizações criminosas e que espalharam medo na população. O Ministério Público pede ainda que seja instalado um gabinete de gestão integrada para acompanhamento da segurança pública no estado por todos os órgãos da área.
A Força Nacional está atuando com 150 homens na segurança do Complexo Penitenciário de Pedrinhas desde outubro, quando a crise no sistema prisional se agravou, com uma rebelião que deixou nove mortos e 20 feridos.
A situação do sistema carcerário no Maranhão é precária há pelo menos quatro anos.
O ofício do Ministério Público aponta ainda a necessidade de transferir, com urgência, para presídios federais, os detentos que ordenaram os ataques. Até às 22 horas de ontem, 22 detentos foram transferidos para outras penitenciárias federais.
Problema pontual
O subcomandante-geral da PM do Maranhão, coronel João Alfredo Nepomuceno, disse ontem que não vê a necessidade de envio de homens da Força Nacional de Segurança Pública para controlar a situação de violência no estado. Nepomuceno chamou o problema no complexo penitenciário de Pedrinhas de "pontual".
"Temos um problema pontual que já está sendo contido. A gente tem certeza que com essas ações a situação deverá rumar para a normalidade sem a necessidade de complemento de forças federais aqui", afirmou, em entrevista à Rádio Estadão.
O coronel disse que todos os envolvidos nos ataques dos últimos dias já foram presos ou identificados no caso dos mandantes que já estão encarcerados. Ele defendeu as ações da polícia tanto na rua quanto no complexo penitenciário. "As ações nos presídios estão sendo bastante efetivas", disse.
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