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Crime no São Braz

MP investiga morte de jovens em suposto confronto com a PM

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público (MP) do Paraná, abriu nesta quarta-feira (28) um inquérito para apurar a morte dos dois jovens em um suposto confronto com a Polícia Militar no bairro São Braz, em Curitiba, na última sexta-feira (23). Brayan Carlos Bmikossiski Perico, 18 anos, e Rodrigo José Santi Botton, 20 anos, morreram, segundo a PM, após trocarem tiros com policiais militares. O pai de Brayan, Alfredo Perico, contesta a versão da polícia.

Perico e a mãe de Brayan prestaram depoimento nesta quarta na sede do Gaeco. O coordenador do órgão, promotor Leonir Batisti, diz que o propósito da investigação é apurar como os fatos aconteceram a partir dos antecedentes que levaram a este possível confronto. "Vamos levar em conta a alegação da polícia da ameaça que um policial teria sofrido e, por isso, estaria protegido por outros policiais", explica.

A PM, em nota, confirmou que a Agência Central de Inteligência (ACI) da corporação atuava no momento para a proteção a um policial que teria sofrido ameaças por mais de uma vez. A agência fez um acompanhamento do PM para saber se, de fato, ele estava sendo vítima de alguma ameaça.

Na noite da troca de tiros, segundo a PM, o policial, que não sabia da vigilância que o acompanhava, esteve na Rua Clara Filla, no São Braz, para encontrar uma pessoa. Enquanto aguardava dentro de um veículo, dois homens armados, segundo a equipe de vigilância, se aproximaram do automóvel e sacaram as armas. Ao verem a situação, os policiais foram até o local e atiraram contra os dois rapazes. As armas que os dois portavam, um revólver calibre 38 e uma pistola calibre 765 foram apreendidos.

Ainda de acordo com a PM, eles eram suspeitos de roubos de veículos na região, mas não é possível afirmar se as ameaças que o policial protegido sofria vinham dos jovens mortos. Botton já tinha passagem pela polícia e foi preso duas vezes em 2013.

Inocência do filho

O pai de Brayan contesta a versão da PM e diz que o filho nunca teve passagem pela polícia. Sobre o possível porte de arma por parte dos rapazes, ele diz que "essa é a versão da corporação" e que aguarda uma investigação que comprove o que de fato aconteceu. "Os rapazes não estão aqui para se defender e dizer o que aconteceu. Meu filho nunca teve passagem pela polícia. Isso me parece uma execução", reclama.

Perico chegou a mencionar uma briga entre o filho dele e o policial militar, ocorrida em 2013. O caso foi, inclusive, relatado pela família de Brayan à Corregedoria da Polícia Militar, que possui um inquérito sobre o fato em aberto na corporação. O caso, entretanto, não pode ser revelado pela PM, pois ainda não foi finalizado. O pai de Brayan acredita que essa briga possa ter relação com a morte do filho no bairro São Braz.

A morte dos dois jovens também é investigada pela corregedoria da PM. Os pais de Brayan também prestaram queixa do caso no 12.° Distrito Policial (DP) de Curitiba, no bairro Santa Felicidade.

Versão do governador

O governador Beto Richa confirmou nesta quarta-feira, durante um evento no Palácio Iguaçu para incorporação de 917 policiais militares e bombeiros ao quadro de servidores do Estado, que houve uma troca de tiros e um confronto entre os rapazes mortos e policiais no dia da ocorrência. "Um deles tinha ficha na polícia e os dois não tinham porte de armas. Parece que a intenção deles era matar o policial em questão", disse. Segundo Richa, uma investigação corre em sigilo dentro da PM e novas informações sobre o caso devem ser divulgadas em breve.

Para o pai de Brayan, o governador está omitindo informações sobre os agentes que atiraram nos dois rapazes. "Por que ele não revela o nome dos policiais, nem ao menos do policial que estava protegido?"

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