Em sete anos, o Paraná deixou de investir R$ 2,8 bilhões na saúde, sem correções monetárias. A verba, que representa o orçamento integral da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para 2011, segundo a Lei Orçamentária Anual, está em discussão por meio de quatro ações civis públicas propostas pelo Ministério Público (MP) no período entre 2000 e 2007. Na semana de aniversário da instituição, os promotores da Saúde assumem como maior dificuldade o cumprimento do porcentual mínimo de 12% exigido pela Constituição Federal, por parte do estado. Historicamente, o Paraná destina o porcentual necessário, mas o problema está na aplicação desses recursos. A dificuldade do MP passa pela regulamentação da Emenda Constitucional 29, que estabelece especificamente o que se define como investimento em saúde. Elaborada há dez anos, a norma raramente teve discussões concretas na Câmara dos Deputados, em Brasília. Com isso, os governos incluem na conta da saúde gastos como saneamento, fundos para pagamento de pessoal e programas sociais. No Paraná, um exemplo disso é o programa Leite das Crianças. Criado com a intenção de diminuir a desnutrição por meio da distribuição de leite, o programa é considerado investimento em saúde.
Mesmo enquanto não há definição em relação à regulamentação da Emenda Constitucional 29, o MP promete ajuizar ações exigindo o cumprimento da Constituição Federal. "Sem financiamento adequado, não há como executar o serviço da forma adequada", afirma a promotora de justiça de Proteção à Saúde Pública Simone Maria Tavarnaro Pereira. "Enquanto o estado não cumprir os 12%, vamos propor ações, até obter o cumprimento constitucional da Emenda 29", garante Simone. O MP, assim como o Ministério da Saúde, é um dos órgãos que defende a legislação como autoaplicável. Ou seja, em tese, não haveria necessidade de uma regulamentação. Essa, entretanto, é uma discussão acalorada no subjetivo universo do Direito.
Avaliação
Para o vice-presidente da Região Centro-Sul da Associação Médica Brasileira (AMB), Jurandir Marcondes Ribas Filho, a situação de "caos" vivida no SUS não é problema de gestão. "É balela dizer que saúde se faz sem dinheiro. A essência do serviço está na quantidade de recursos destinados. Como há pouco, o caos é generalizado", diz. Entre as principais demandas da área, estão a melhoria dos serviços de urgência e emergência, implantação de novas Unidades de Terapia Intensiva nas capitais e interior e suprir a falta de médicos especializados nas cidades de menor porte.
Com mais recursos, a qualidade do atendimento melhoraria, observa o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Paraná (Fehospar), Renato Merolli. De acordo com ele, os valores destinados aos hospitais pelo governo estadual dificultam a sobrevivência do atendimento pelo SUS. "A tabela estabelece valores mínimos para serem pagos. Com mais verba, cada estado ou município pode melhorar o pagamento e, por consequência, a qualidade do serviço", opina.
Serviço:
CAOP de Proteção à Saúde Pública contato pelo telefone (41) 3250-4078 e (41) 3250-4077 ou pelo e-mail saudemp@mp.pr.gov.br