São Paulo O promotor Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho deve encaminhar amanhã ao Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo o pedido de prisão do jornalista Antônio Pimenta Neves, 69 anos, condenado pela morte da ex-namorada a também jornalista Sandra Gomide. Pimenta Neves recorre em liberdade.
A expectativa era de que o pedido fosse apresentado ontem. Porém o promotor tem até a próxima sexta-feira para recorrer. "A idéia é apresentar o mandado até quarta-feira. Como ele tem força de liminar, o julgamento corre mais rápido. O desembargador deve avaliar a liminar em uma ou duas semanas", afirma o advogado Sergei Cobra.
Para o promotor, a liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2001 previa que Pimenta Neves ficasse em liberdade apenas durante o processo.
"Entendemos que o STF deu a oportunidade de Pimenta Neves permanecer solto durante o processo, mas, com a condenação, era a oportunidade de prendê-lo", disse.
Os argumentos da acusação se baseiam no fato de Pimenta Neves ser réu confesso. A promotoria e o advogado entendem que o réu só deve aguardar os recursos em liberdade quando há presunção de inocência.
"Isso é algo que não ocorre com o Pimenta. Ele já confessou a autoria dos disparos. Ele pode recorrer da sentença pedindo uma redução da pena, mas ele tem de ser punido", diz o advogado.
O fato de ser um crime hediondo será outro argumento da acusação.
"Além disso, o réu passou o processo todo ameaçando se suicidar. É melhor que ele seja preso antes que realmente decida por isso", afirma Cobra.
A condenação
Pimenta Neves foi condenado pelo Tribunal do Júri de Ibiúna, na última sexta-feira, a 19 anos, 2 meses e 12 dias em regime fechado pelo assassinato de Sandra, crime ocorrido em agosto de 2000 num haras da cidade.
Ele foi considerado culpado por homicídio duplamente qualificado teve motivo torpe e usou recurso que impossibilitou a defesa da vítima. No entanto, o juiz Diego Ferreira Mendes decidiu que Pimenta Neves, ex-diretor de Redação do jornal O Estado de S.Paulo e réu confesso do crime, vai recorrer da decisão em liberdade.
O julgamento durou três dias. A acusação tentou provar que o crime foi premeditado e cometido friamente. Testemunhas confirmaram que ele atirou pelas costas, deu o segundo tiro quando a vítima estava caída e depois saiu calmamente do local.
Por sua vez, a defesa investiu na estratégia de mostrar um profissional reconhecido, porém abalado por crise emocional intensa.