O Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio da Promotoria de Justiça da Comarca de Palmas, no Sudoeste do Paraná, denunciou criminalmente sete pessoas envolvidas em fraude para a venda de carteiras de habilitação. Os responsáveis pelo esquema são acusados por formação de quadrilha e corrupção. Segundo o MP-PR, eles recebiam pagamentos no valor de até R$ 2 mil de inúmeros alunos do Centro de Formação de Condutores Globo, muitos deles analfabetos ou semi-analfabetos, para facilitar a aprovação deles em exames psicológicos, teóricos ou práticos de direção e obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
De acordo com o MP-PR, o esquema contou com a participação do chefe da 55ª Circunscrição regional de trânsito (Ciretran) entre 2002 e 2003. A fraude envolveria examinadores da Ciretran, entre eles um policial militar e uma psicóloga, e os empresários proprietários do Centro de Formação de Condutores Globo.
O chefe do Ciretran teria sido alertado por funcionários do órgão, mas deixava de praticar os atos que poderiam fazer cessar as condutas ilícitas, infringindo o seu dever funcional. A denúncia oferecida destaca que os acusados chegavam a fornecer aos alunos as respostas das questões teóricas, bem como repassavam o ditado da prova mais de uma vez, ou o transcreviam no quadro negro. Em alguns casos, forneciam o texto escrito em papel.
Em nota, o MP-PR explica que a promotora de Justiça Danielle Garcez da Silva ressalta que os membros da quadrilha procuravam entrar em contato principalmente com os alunos do CFC que estavam tendo mais dificuldades em alcançar aprovação no exame psicológico, teórico/legislativo ou prático da Ciretran. Os alunos que apresentavam problemas na leitura ou na interpretação de textos também estavam entre os mais procurados. Nos exames práticos de direção, os examinadores simplesmente deixavam de ponderar as faltas cometidas pelos candidatos do CFC Globo, de acordo com o MP-PR.
A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o Ciretran do município, mas não obteve sucesso.