As cenas de Dona Ilda (nome fictício), 84 anos, sendo maltratada pela mulher contratada para zelar pelo bem-estar da senhora, divulgadas nesta semana pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), chocaram a população. Porém, um número preocupante mostra que esse não é um caso isolado em Curitiba. Diariamente, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa dos Direitos do Idoso, do Ministério Público (MP), atende dez chamados ligados a problemas com idosos destes, seis são relacionados a casos de maus-tratos. Cerca de 550 procedimentos encontram-se em andamento na unidade.
Neste ano, o Serviço de Atendimento ao Idoso da prefeitura de Curitiba recebeu 599 ligações. O portal é procurado para as mais diversas situações, que vão de uma simples conversa com o atendente a denúncias de casos de violência. O ranking é liderado pelos maus-tratos (80 ocorrências), seguido por negligência familiar (36) e conflitos entre parentes (35). "Vamos até o idoso, verificamos a situação e procuramos mediar os conflitos. Depois fazemos o acompanhamento", conta a gerente do serviço, Graciela Drechsel.
O caso de Dona Ilda serve como alerta. Segundo Graciela, algumas características devem ser observadas na hora de contratar uma pessoa para cuidar de idosos. "Deve ser uma pessoa calma, tranqüila, que tenha vocação e referência. Preferencialmente uma pessoa que tenha curso, paciente e que tenha carinho e atenção."
A psicóloga Nelsi Neves, especialista em gerontologia, aponta alguns sinais que podem indicar maus-tratos: emagrecimento, depressão, ansiedade, inquietação e olhar de espanto. "Às vezes você contrata uma pessoa para dar carinho e não é isso que acontece. É preciso ficar atento e fiscalizar o serviço constantemente", recomenda.
De acordo com a promotora de Justiça Terezinha Resende Carula, o ideal é que o idoso fique perto da família. "Vira e mexe a responsabilização é de outros familiares pela omissão ou pelo abandono do parente", afirma. Entretanto, também são comuns casos em que filhos maltratam os pais.
As cinco horas de gravações que mostram momentos em que Vera Lúcia de Freitas Lima, 43 anos, agride Ilda com tapas e puxões de cabelo estão sendo analisadas pela polícia. Segundo o delegado Celso Neves, do 3.º Distrito Policial (Mercês), serão realizados exames médicos para apurar se a senhora apresenta lesões físicas ou psicológicas. "Já que ela (Vera) trabalhava há um ano e meio com a família, é preciso ter uma avaliação para saber desde quando os maus-tratos vinham ocorrendo", afirma. Dependendo dos resultados, além do crime de maus-tratos, Vera poderá ser indiciada por tortura.
Familiares de Ilda deverão ser ouvidos pelos investigadores na segunda-feira e Vera será intimada a prestar depoimento na quarta. A agressora voltou a ser procurada pela reportagem, mas não respondeu às ligações.
Serviço: SOS Idoso 08004 10001 Serviço de Atendimento ao Idoso 156 ONG Associação Gerações e Talentos 3224-8041 (cursos para cuidadores).
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