O Ministério Público abriu investigação, nesta segunda-feira (3), para identificar o autor de um comentário racista feito em um blog de política de Maringá, no Noroeste do estado. O texto do blog do Rigon (www.angelorigon.blogspot.com) tratava da repercussão de uma matéria da revista Veja sobre a atuação do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), frente ao caso do mensalão.
O comentário foi feito anonimamente e dizia: "Saudades da escravidão. Como sempre, servindo ao senhor branco". O ministro é negro. Em nota o promotor responsável pela Promotoria Especial de Proteção aos Direitos Humanos de Maringá, Maurício Kalache, afirmou que o autor do comentário não ofendeu somente o ministro, mas todos os cidadãos da raça negra. O promotor solicitou a ajuda do Núcleo de Combate ao Cibercrime (NuCiber), da Polícia Civil, para tentar identificar o autor do comentário racista.
O autor do blog, o jornalista Angelo Rigon, disse que o comentário foi publicado no domingo (2), porém ele não teria lido o texto. Segundo ele, assim que foi notificado pelo MP, na manhã desta segunda, apagou a declaração de seu blog. "Acho um absurdo este tipo de preconceito e sempre excluo comentários ofensivos e que usem palavrões", afirmou.
O blog existe há dois anos e recebe quatro mil visitantes por dia, de acordo com seu autor. Rigon conta que vai ajudar a promotoria a identificar o autor do comentário. O jornalista não acredita que poderá ser responsabilizado pelo crime. "Se houvesse um processo contra mim eu acharia um absurdo. Meu blog já ajudou a cidade fazendo várias denúncias", explicou.
O crime de racismo está previsto em lei e prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa para o infrator. O racismo também é crime inafiançável. O Ministério Público também quer combater o abuso do anonimato na internet. A Constituição Federal prevê a livre manifestação do pensamento, mas veda o anonimato.
