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A representação recebida pelo MPF cita que a ação das igrejas teria como objetivo “o exercício de influência sobre os fiéis para elegerem candidatos religiosos”.
A representação recebida pelo MPF cita que a ação das igrejas teria como objetivo “o exercício de influência sobre os fiéis para elegerem candidatos religiosos”.| Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) está avaliando denúncias a respeito de “abuso de poder religioso” na eleição para conselhos tutelares realizada no último domingo (1). O pleito ocorreu em mais de 5 mil cidades do país, mas as situações enviadas ao MPF teriam sido registradas no Rio de Janeiro durante campanha para eleição de candidatos conservadores.

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Em nota enviada à Gazeta do Povo, a entidade explica que recebeu um “conjunto de notícias” que tratam do caso e que está analisando essas reportagens. Além disso, diz que já solicitou informações ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). “Eventuais desdobramentos serão posteriormente informados”, esclarece a nota.

Segundo a Agência Brasil, grandes entidades religiosas do Rio de Janeiro teriam influenciado seguidores a participarem das eleições para conselheiros tutelares e votarem em determinados candidatos. As denúncias foram divulgadas pela imprensa carioca e enviadas à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro por uma associação de ex-conselheiros da Infância, que alertariam para o risco de interferência de abuso de poder religioso no pleito.

De acordo com o MPF, a representação recebida pela entidade cita que a ação das igrejas teria como objetivo “o exercício de influência sobre os fiéis para elegerem candidatos religiosos, a fim de direcionar esferas institucionais do próprio Estado para que adotem um conceito tradicional e excludente de família", disse o Ministério Público à Agência Brasil, destacando ainda que os conselheiros tutelares devem atuar para proteger crianças e adolescentes, independentemente de crenças pessoais e religiosas.

Mobilização conservadora nas eleições de 2023

Um fato inédito percebido nas eleições deste ano foi a mobilização de conservadores preocupados com imposição de agendas permissivas por parte de ativistas de esquerda nos conselhos tutelares. Por isso, voluntários de todo o Brasil incentivaram milhares de pessoas a votarem, pela primeira vez, nas eleições para o conselho tutelar. A ação deu certo, e eles conseguiram aumento significativo na participação da população.
Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgados nessa terça-feira (3), o pleito registrou aumento de 25,8% na quantidade de eleitores, com capitais como Salvador (BA) e Florianópolis (SC) chegando a 100% de crescimento.

Das 22 capitais com resultados já divulgados, 21 tiveram maior participação este ano em relação às eleições de 2019, totalizando 1 milhão e 600 mil eleitores que saíram de casa voluntariamente para escolher seus candidatos. Em diversas cidades, como Curitiba (PR), Balneário Camboriú (SC), Recife (PE) e São Paulo (SP), muitos conselheiros apoiados pela ala conservadora foram eleitos.

“Aqui em Curitiba, por exemplo, conseguimos representantes em todas a regionais e vamos cobrar dos nossos conselheiros o que eles fizerem com nossas crianças e adolescentes”, afirmou o militar da reserva, Capitão Marques, que usou suas redes sociais para incentivar o apoio popular à eleição e conseguiu resultados em diferentes estados do país. “O movimento cresceu de forma orgânica, sem nenhum partido ou político, e o resultado valeu a pena!”, finaliza.

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