O Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) pediram nesta terça-feira (18) providências contra uma cartilha que incentiva o aborto em casa, sem presença de um médico. O material foi elaborado com o apoio do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, que já promoveu pelo menos 15 abortos por esse método.
A cartilha usa a pandemia como pretexto para incentivar a realização de abortos por telemedicina. Ou seja: sem jamais visitar um médico, a paciente recebe o medicamento abortivo misoprostol pelos Correios e realiza o procedimento em casa. Mas a prática desrespeita as leis em vigor.
As normas do Ministério da Saúde exigem, por exemplo, que o aborto seja precedido por exame físico, ultrassonografia e internação. Já a Anvisa determina que o misoprostol seja aplicado apenas em ambiente hospitalar, onde há estrutura para remediar possíveis efeitos colaterais. O misoprostol pode causar sangramentos e a ruptura do útero, o que oferece riscos à mãe - inclusive de morte. Além disso, a realização de um aborto traz, com frequência, consequências psicológicas graves.
A Procuradoria da República em Minas Gerais e a Defensoria Nacional dos Direitos Humanos enviaram nesta terça recomendações ao Ministério da Saúde e à Anvisa, pedindo providências diante da constatação de que o Hospital das Clínicas da UFU está desrespeitando as regulamentações sobre o aborto.
O Código Penal prevê uma pena de um a quatro anos de prisão para o médico que realizar um aborto. O procedimento, entretanto, não gera punição se for realizado após um estupro, quando houve risco de vida para a mãe ou quando o bebê é anencéfalo.
“Ao contrário do que quer fazer crer os autores da cartilha, os procedimentos de justificação e autorização devem ser seguidos não somente para garantir a segurança jurídica dos profissionais de saúde envolvidos e a adequação da situação em concreto àquelas previstas no Código Penal, mas, principalmente, para assegurar a saúde da mulher que será submetida ao procedimento”, afirma um dos documentos elaborados pelo Ministério Público Federal e a Defensoria Pública.
Responsabilização por cartilha sobre aborto
A terceira recomendação é dirigida ao Conselho Federal de Medicina (CFM). O procurador e o defensor público pedem que o conselho publique uma determinação reforçando que o aborto não pode ser realizado por telemedicina. Além disso, eles querem que o CFM apure a responsabilidade de médicos que tenham incorrido na prática - especialmente os que tenham participado da elaboração da cartilha.
Os documentos são assinados por Fernando de Almeida Martins, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão em Minas Gerais, e André Ribeiro Porciúncula, Defensor Nacional dos Direitos Humanos.
À Gazeta do Povo, Martins acrescenta que, além das recomendações enviadas nesta terça-feira, a médica Helena Paro, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal - que assina a cartilha -, pode ser criminalmente responsabilizada. “Nós encaminhamos essa documentação para o colega procurador em Uberlândia, que tem atribuição local para avaliar eventual responsabilidade da médica tanto no âmbito criminal quanto cível e administrativo”, explica ele.
Porciúncula ressalta que, ao mesmo tempo em que oferece riscos à saúde da mulher que realiza o aborto em casa, sem assistência hospitalar, o uso da telemedicina para esse fim implica uma legalização do aborto na prática. “Em última análise, essa prática acaba legalizando o aborto no Brasil - não apenas aquele previsto no Código Penal, como o da vítima de estupro. Qualquer pessoa poderia realizar um aborto”.
Além da assinatura da médica Helena Paro, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, a cartilha tem o carimbo do Instituto Anis e da Global Doctors for Choice Brasil, duas entidades que militam abertamente pela legalização do aborto em qualquer circunstância. O Instituto Anis é financiado pela Open Society, do mega bilionário George Soros, e pela Fundação Ford. A Global Doctors for Choice, com sede nos Estados Unidos, tem organizações parceiras em sete países, entre eles o Brasil.
Em nota, a Universidade Federal de Uberlândia disse desconhecer a recomendação do MPF e da DPU, mas afirmou que o material sobre o aborto em casa "segue recomendações dos órgãos nacionais de regulação sanitária e do Ministério Público Federal."
A Gazeta do Povo também entrou em contato com o Instituto Anis e o Doctors for Choice Brasil, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Premiê de Assad concorda em entregar poder a rebeldes da Síria
EUA alertam que Estado Islâmico pode tentar “tirar vantagem” da situação na Síria
Segurança pública de São Paulo enaltece recorde histórico de redução de crimes
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora