O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação cível pública contra a União para aumentar o efetivo da Polícia Federal (PF) em Guaíra, Oeste do estado. A cidade situada nos limites com o Mato Grosso do Sul e o Paraguai tornou-se epicentro da criminalidade nos últimos cinco anos depois que o contrabando espalhou-se pela Costa Oeste paranaense. Em apenas uma semana, um só delegado atua em cerca de 12 flagrantes. A quantia está acima da média de alguns municípios paranaenses de maior porte onde o número fica em torno de dois.

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A ação é de autoria do Procurador da República em Umuarama Robson Martins. Com base na demanda de serviço policial na cidade, ele solicita que a Delegacia da PF tenha no mínimo dez delegados, dez peritos criminais, 90 agentes, 12 escrivães e quatro papiloscopistas, uma realidade bem diferente da atual.

Hoje, a PF de Guaíra conta com cinco delegados, cinco peritos, 11 escrivães, 34 agentes e nenhum papiloscopista. Eles atendem 32 municípios da região. Os policiais não ganham adicional de fronteira e, com o tempo, a maioria pede transferência para outras cidades. A média de permanência dos agentes é de três anos. O custo de vida no município, onde o aluguel de uma residência de padrão médio custa cerca de R$ 1,2 mil, padrão alto para o interior, também pesa na decisão dos policiais de não se fixarem na fronteira.

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Martins conta que, por serem em pequeno número, os policiais chegam a ser vigiados pelos contrabandistas na cidade. "Eles sabem a hora que o policial sai de casa e pega a viatura para trabalhar", afirma.

O procurador, que também é autor de uma ação que resultou na instalação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Guaíra, considera a fronteira uma porta de entrada de drogas, armas, mercadorias e remédios. Ele diz que o movimento da criminalidade aumentou nos últimos cinco anos, após a reforma da aduana de Foz do Iguaçu e o consequente reforço na fiscalização. Para ele, a melhoria na vigilância em Guaíra teria reflexo em outras cidades brasileiras abastecidas por drogas e contrabando que passam pela região.

A ação foi feita com base em um ofício da própria PF. Os policiais alegam dificuldade para exercer o serviço na cidade, que envolve o patrulhamento de parte dos 170 quilômetros do Lago de Itaipu, que vai até Foz do Iguaçu, o Rio Paraná, a Ponte Ayrton Senna e as BRs 163 e 272. Somado ao trabalho de investigação há atividades relacionadas à emissão de passaportes e serviços de imigração.

Trâmite

A ação será apreciada pela Justiça de Guaíra que deve dar um parecer até a próxima semana. Enquanto a decisão não é tomada, o governo alega que investe em concurso para contratação de policiais. Este ano, já foi realizado um concurso voltado para agentes e papiloscopistas. Em breve, outro será feito para escrivães, delegados e peritos.

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