Cerca de 50 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) acamparam na madrugada deste sábado (10) no portão de entrada da fazenda São Manoel, em Junqueirópolis, oeste do Estado de São Paulo. É a oitava fazenda ocupada por sem-terra em um mês no Estado - a quinta na região conhecida como Alta Paulista.
O grupo, ligado ao líder dissidente José Rainha Júnior, alega que a propriedade foi considerada improdutiva em vistoria realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Não fomos para dentro porque não queremos atrapalhar a desapropriação", disse o coordenador regional do movimento, Wesley Mauch. Ele se referia a um decreto federal que impede a desapropriação de fazendas invadidas. Os sem-terra controlam a entrada da propriedade.
A estratégia de acampar na porteira das fazendas foi adotada por orientação de Rainha, empenhado em preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pontal do Paranapanema, no final deste mês. De acordo com Mauch, a "ocupação branca", como chama, dificulta o processo de reintegração de posse e não impede que o Incra destine a área para a reforma agrária. Também reduz o risco de conflitos capazes de levar o presidente a cancelar a visita, segundo ele. Outras quatro fazendas na região são controladas dessa forma pelos sem-terra: Santa Lourdes, também em Junqueirópolis, Santa Clara, em Arco Íris, Santo Antonio e Vista Alegre, ambas em Dracena.
Mauch disse que essa estratégia evita ainda problemas com a polícia, como ocorreu na fazenda Santo Henrique, da Cutrale, em Borebi, depredada por integrantes do MST. Os autores da depredação, que incluiu a destruição de 12 mil pés de laranja, vão responder por crimes de formação de quadrilha, esbulho possessório (espoliação), danos e furto. "Não entramos na propriedade, por isso não podemos ser acusados de esbulho ou de dano, mas isso não impede que a pressão para a desapropriação aconteça.