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Em Curitiba, trânsito parou nos dois sentidos da BR-116, na altura do Contorno Leste. O acesso foi bloqueado por pneus em chamas | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Em Curitiba, trânsito parou nos dois sentidos da BR-116, na altura do Contorno Leste. O acesso foi bloqueado por pneus em chamas| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
  • Sem-terra protestam no mesmo local do manifesto contra eles

Algumas das principais rodovias estaduais e federais do Paraná foram parcial ou completamente bloqueadas ontem pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e pela Via Campesina Brasil. Em Curitiba, o protesto do Dia Nacional de Lutas parou o trânsito nos dois sentidos da BR-116, na altura do Contorno Leste. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um acidente entre um carro e uma moto foi registrado por volta do meio dia no km 97 da rodovia por causa da manifestação. O motociclista morreu na hora.

O bloqueio começou às 7 horas. Um grupo de manifestantes de movimentos sem-terra interditou com pneus em chamas os dois sentidos da rodovia. O congestionamento chegou a 19 quilômetros, na região próxima ao Ceasa, no sentido sul da rodovia. Já no sentido oposto, o engarrafamento chegou a afetar o tráfego no Contorno Sul. Quem seguia de Santa Catarina para Curitiba pela BR-376 também enfrentou dois quilômetros de lentidão. Às 10h30 o trânsito foi liberado em meia pista, sendo totalmente desobstruído somente às 13 horas. Os efeitos se fizeram sentir até o fim da tarde.

A previsão do MST era de bloquear oito rodovias do Paraná. Mobilizações estavam previstas para ocorrer em Marmeleiro, Cascavel, Pitanga, Candói, Quedas do Iguaçu, Laranjeiras do Sul e Mauá da Serra. A série de protestos comprometeu a ligação entre toda a região Norte e Noroeste do Paraná, além do Centro-Oeste, com as regiões dos Campos Gerais, Curitiba e Porto de Paranaguá.

Em Cascavel, na Região Oeste, por volta das 9h30 o MST fechou o Trevo Cataratas, um entrocamento de três rodovias federais. Dez minutos depois eles liberaram o tráfego, mas voltaram a interditar. Até as 15 horas, eles fecharam a rodovia várias vezes e distribuíram panfletos aos motoristas que passavam pelo local. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) acompanhou a manifestação.

Em Candói, os manifestantes liberaram as cancelas da praça de pedágio no km 388 da BR-277. Em Mauá da Serra, bloquearam os dois sentidos da BR-376, na altura do km 294. Segundo a concessionária CCR Rodonorte, a manifestação também impedia o acesso dos motoristas para a PR-445, em direção a Londrina, onde os integrantes do MST bloquearam a PR-445, no km 0, entre 9 h e 11h30. O tráfego voltou a ficar tranquilo por volta das 13h30.

Em Marmeleiro, os manifestantes bloquearam os dois sentidos da PR-280, na altura do km 262. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), não houve congestionamento no local porque a cada meia hora a passagem de veículos era liberada pelos manifestantes. O mesmo ocorreu em Pitanga, na PR-466. O protesto aconteceu na altura do km 181. Os manifestantes liberavam o tráfego a cada 30 minutos, segundo a PRE.

De acordo com a assessoria do MST, um dos organizadores dos protestos ao lado da Via Campesina, as principais reivindicações do ato são a reforma agrária, educação no campo, assistência técnica, recursos para abastecimentos das unidades agroindustriais, habitação, reforma política e melhorias no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Cinco mil sem-terra saem às ruas em área de conflito agrário quedas do iguaçu

Cinco dias depois de a população de Quedas do Iguaçu, Centro-Sul do Paraná, se mobilizar e ir às ruas para protestar contra a invasão de uma área de terras da empresa Araupel, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) respondeu também com um protesto na mesma praça onde aconteceu a manifestação da semana passada. Segundo a Polícia Militar, a ato reuniu quase 5 mil pessoas.

Os sem-terra foram às ruas de Quedas do Iguaçu para pedir mais agilidade nos processos de reforma agrária e também cobraram o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que tem por objetivo promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar.

A concentração teve início no final da manhã com centenas de manifestantes ocupando a praça central da cidade. Por volta das 14 horas, ônibus com milhares de sem-terra chegaram à cidade e fizeram uma marcha até o local onde aconteceu a manifestação. Muitos empunhavam facões e foices. Com gritos de guerra e exibindo bandeiras do movimento, eles permaneceram na praça até as 16 horas. O policiamento foi reforçado no local, mas não houve incidentes.

Desde a nova ocupação nas terras da Araupel no dia 17 de julho, o clima em Quedas do Iguaçu é tenso. A área ocupada fica no vizinho município de Rio Bonito do Iguaçu, mas, segundo a empresa, se não houver uma reintegração de posse os trabalhos podem ser afetados. A Araupel emprega 1.050 trabalhadores.

Um dos coordenadores do movimento no estado, Ênio Pasqualin, disse que a manifestação em Quedas do Iguaçu foi para chamar a atenção sobre a necessidade de investimentos na reforma agrária. "Não viemos aqui para estragar a beleza dessa cidade, nem comprometer o progresso dessa região, mas viemos aqui dar o nosso recado, que as famílias assentadas no nosso assentamento não só geram empregos, mas têm qualidade de vida", afirmou.

Claudelei Torrente Lima, um dos sem-terra assentados em Quedas do Iguaçu, afirmou que a cidade depende do movimento e que somente os trabalhadores rurais do assentamento Celso Furtado injetam mais de R$ 50 milhões na economia local todos os anos. "A reforma agrária além de produzir alimentos está produzindo empregos", diz.

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