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Paranapoema – Os acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que ocupavam a Fazenda Santa Terezinha, na região de Paranapoema (a 130 quilômetros de Maringá), no Noroeste, têm até amanhã para se transferirem para o assentamento Mãe de Deus, vizinho da propriedade onde houve a reintegração de posse anteontem. O prazo foi dado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e cerca de 100 policiais acompanham o deslocamento. "Foram três anos trabalhando na terra", lamentou o coordenador e acampado Hélio Marques. "Estamos tentando levantar o ânimo dos companheiros nas assembléias", disse.

A preocupação do MST é de que alguns membros desistam do movimento pela frustração de terem de abandonar o acampamento. Marques comentou que a dificuldade em se adequar a um novo local aumenta porque o assentamento Mãe de Deus não tem área ideal para colocar os animais, além de exigir o recomeço do plantio da lavoura. Segundo a coordenação do acampamento, foram produzidas em 2004 aproximadamente 5 mil sacas de milho, 70 mil arrobas de algodão e 10 mil sacas de feijão.

Já o proprietário da fazenda, Alexandre Yoshihide Maehara, 32 anos, garantiu que nunca demonstrou interesse em negociar a propriedade, ao contrário do anunciado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Quero recuperar a área", explicou o fazendeiro, que ainda não avaliou o atual estado da propriedade, pois foi orientado pela Polícia Militar a esperar que todos os sem-terra saíssem. Maehara deve negociar com o MST a compra da lavoura dos sem-terra. Outra possibilidade seria deixar o grupo voltar para a colheita, mas o fazendeiro está disposto a pagar pelos produtos, com a intenção de agilizar a retomada de suas atividades.

O Incra anunciou que as negociações para a compra de outras duas áreas na região estão em estado avançado, mas não entra em detalhes. O instituto também se disse surpreso com a reintegração de posse. O chefe da Divisão Técnica, Newton Bezerra Guedes, esteve ontem na região em caráter de urgência. Ele é o responsável pela obtenção de áreas no Incra.

A reintegração de posse mobilizou 132 veículos e 1,5 mil policiais durante toda a terça-feira. Apesar do clima tenso, com várias reuniões de negociação entre os dois lados, não houve conflito.

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