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Cerca de 2 mil sem-terra participam dos protestos em Brasília | Roosewelt Pinheiro/ ABr
Cerca de 2 mil sem-terra participam dos protestos em Brasília| Foto: Roosewelt Pinheiro/ ABr

BRASÍLIA - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Via Campesina desocuparam na tarde de ontem o prédio do Ministério da Fazenda, que havia sido ocupado às 9h30 por cerca de 2 mil manifestantes em protesto pela reforma agrária. Os sem-terra deixaram o prédio após um acordo com o governo federal e uma ordem da Justiça de reintegração de posse.

Cerca de duas horas antes da desocupação, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou que os manifestantes deixassem o local e fixou uma multa de R$ 50 mil para cada nova invasão de prédio, caso haja novas ocupações em Brasília por parte dos manifestantes.

A ordem de reintegração de posse foi concedida pelo juiz Alaor Piacini, da 1.ª Vara Federal de Brasília, que atendeu ao pedido feito pela Advocacia Geral da União (AGU).

Representantes dos sem-terra, da Polícia Militar e da Justiça negociaram a saída pacífica dos manifestantes, que só acataram a ordem depois de fechar um acordo com o Palácio do Planalto.

De acordo com os sem-terra, o governo receberia os manifestantes para uma conversa ainda ontem, com representantes dos ministérios da Fazenda, da Reforma Agrária e da Casa Civil.

Os sem-terra também prometeram deixar as seis sedes regionais do ministério e os quatro prédios estaduais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ocupados desde a manhã de ontem. Os manifestantes, no entanto, permanecerão na frente dos prédios. Segundo o militante João Paulo Rodrigues, um dos líderes da ocupação em Brasília, os manifestantes ficarão na capital federal por 15 dias e podem ocupar prédios públicos novamente caso o governo não cumpra a promessa de receber os sem-terra.

Mais protestos

Além da ocupação no Ministério da Fazenda, o MST realizou manifestações em 12 estados. Em São Paulo, mil membros do MST chegaram anteontem à cidade após uma caminhada de 100 km e fizeram um protesto em frente à delegacia do Ministério da Fazenda para denunciar a política econômica do governo federal, que impede a realização da reforma agrária. Desde segunda-feira, eles ocupam a Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, na chamada Marcha Estadual do MST, que teve início em Campinas. Na manhã de ontem, saíram em passeata pela Avenida Pacaembu e também passaram pela Avenida São João.

No Rio de Janeiro, 150 trabalhadores rurais realizaram um ato de protesto na manhã de ontem em frente à delegacia do Ministério da Fazenda no estado. Em Porto Alegre, cerca de mil integrantes da Via Campesina montaram um acampamento no pátio do Ministério da Fazenda e, em Florianópolis, 400 trabalhadores do MST fizeram protesto em frente à delegacia do Ministério da Fazenda.

Em Salvador, cerca de 400 sem-terra invadiram a superintendência do Incra em protesto contra os cortes do orçamento da reforma agrária e em defesa do assentamento das 28 mil famílias acampadas em todo o estado. Em Belém (PA), integrantes do MST invadiram a delegacia do Ministério da Fazenda, depois de sete dias de marcha de 200 quilômetros, do município de Irituia até a capital do estado, pela rodovia Belém-Brasília.

Em Maceió (AL), cerca de 600 agricultores de várias regiões de Alagoas chegaram pela manhã para se somar às mobilizações da jornada nacional de lutas. No estado de Alagoas, marcado pela concentração fundiária e pela superexploração da mão de obra do campo na monocultura da cana-de-açúcar, são contabilizadas hoje 5.890 famílias acampadas organizadas pelo MST.

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