Os cerca de 2 mil camponeses ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que ocuparam na madrugada de sábado a fazenda Variante, em Porecatu, no Norte paranaense, continuam mobilizados dentro da propriedade.
Nem mesmo a ordem judicial para que os sem-terra deixem a área fez o MST mudar a sua estratégia de permanecer no local por tempo indeterminado. A liminar que determina a reintegração de posse foi concedida na tarde da última terça-feira, dia 4, mas até agora nenhum oficial de Justiça esteve na fazenda para fazer cumpri-la. De acordo com o 15º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Rolândia, não há qualquer ordem para o cumprimento da desocupação.
O MST justifica a ocupação porque a fazenda pertence ao Grupo Atala, que também comanda a Usina Central do Paraná, com sede em Porecatu e alvo de fiscalização do grupo móvel do Ministério do Trabalho e do Ministério Público em agosto. De acordo com os fiscais e os promotores, uma vistoria encontrou 17 trabalhadores rurais da usina em "situação degradante, análoga ao trabalho escravo".
Além disso, segundo o MST, a fazenda tem plantações de cana-de-açúcar mas já faz mais de dois anos que a safra não é colhida. Para os líderes, os 1.372 hectares da fazenda são improdutivos.
De acordo com Isabel Cristina Diniz, agente da Pastoral da Terra de Londrina, que acompanha a situação na área, os sem-terra até aceitam negociar a desocupação, mas somente com a presença de representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O advogado da Usina Central do Paraná, Fábio Antônio Garcia Fabiani, disse ontem que uma petição do juiz da Vara do Trabalho de Porecatu, Mauro Daroski garante que não há trabalho escravo nas propriedades da empresa.
Fabiani também negou que a área seja improdutiva. Segundo ele, além da área com a cana-de-açúcar que abastece a usina, a fazenda também é ocupada por centenas de cabeças de gado. "Fizemos a nossa parte e a Justiça fez a dela; agora, o cumprimento da liminar é uma decisão política."
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