O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Pernambuco, Jaime Amorim, antecipou hoje que o movimento fará novas ocupações de terra em julho, no Estado, numa nova jornada, desta vez em comemoração ao dia do camponês. A informação foi dada em entrevista à imprensa, quando ele anunciou a saída do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Recife, cuja área externa foi ocupada há uma semana por cerca de mil integrantes do movimento, entre acampados e assentados.
A desocupação significou o encerramento, em 2010, do "Abril Vermelho", a jornada nacional do movimento pela reforma agrária, que somou a ocupação de 25 áreas em todo o Estado e a paralisação do trânsito, em Recife, na manhã da segunda-feira. Como resultado da jornada, que teve por lema, neste ano, "Lutar não é crime", Jaime afirmou que as negociações em torno da pauta de reivindicações do movimento, iniciadas nesta semana, continuam.
Na terça-feira, segundo ele, representantes do movimento se reunirão com o governador Eduardo Campos (PSB) e com o presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart, em Recife. Na pauta da discussão, estão as áreas de conflito como o acampamento Pontal Sul, em Petrolina, onde os sem-terra reclamam terras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Foram quatro ocupações desde abril de 2006 e quatro despejos, envolvendo cerca de 1,5 mil famílias que se encontram acampadas na margem da BR-408, próximo à área do projeto de irrigação administrado pelo órgão federal.
"O governo federal quer distribuir terra com 32 empresas num projeto que, em 15 anos, já gastou R$ 220 milhões e tem mais R$ 170 milhões disponibilizados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", afirmou. "Queremos o assentamento de cerca de 200 famílias no local".
Sobre o governo Lula, que teve apoio do MST, o líder avaliou que houve um encantamento do presidente com o agronegócio, num modelo que não dá espaço para reforma agrária. Ele destacou, porém, que no atual governo, o inimigo do MST deixou de ser o Estado, o que acontecia no governo Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o MST, em Pernambuco, o movimento coordena 163 acampamentos com cerca de 17 mil famílias acampadas e 207 assentamentos com 14 mil famílias assentadas.