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Ato público dos sem-terra em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná | Ivo Pegoraro
Ato público dos sem-terra em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná| Foto: Ivo Pegoraro

Francisco Beltrão - Duas colunas de sem-terra, que estavam numa caminhada pelas cidades do Sudoeste do Paraná desde o dia 14 chegaram ontem a Francisco Beltrão. Cerca de 400 pessoas fizeram concentrações na cidade e promoveram um ato público contra o que chamam de tentativa de criminalização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em referência ao Ministério Público gaúcho que proibiu o deslocamento de grupos do movimento no Rio Grande do Sul e ainda pediu a dissolução da organização.

Beltrão foi escolhida para encerramento das caminhadas por causa de quatro sem-terra que estão presos na cadeia local há quase dois meses. Para os líderes dos movimentos sociais, as prisões seriam arbitrárias. Os sem-terra ainda denunciam que há outras nove prisões preventivas decretadas no Paraná contra integrantes do movimento. "Todas por motivações políticas", diz José Damasceno, um dos coordenadores do MST no Paraná.

Mortes

Os chamados movimentos sociais ainda lembram que dois dirigentes do MST foram mortos nos últimos meses no Paraná: Valmir Mota, em outubro do ano passado, em Santa Tereza do Oeste, e Eli Dallemole, em março deste ano, em Ortigueira. Atualmente, segundo dados do movimento, cerca de 8 mil famílias sem-terra vivem em acampamentos e ocupações do MST em todo o Estado.

A marcha realizada no Paraná reivindica agilidade no processo de Reforma Agrária e o fim da criminalização das lutas dos movimentos sociais, que estaria ocorrendo em todo o país. Em Beltrão, que teve reforçado o policiamento em toda a cidade ontem, os trabalhadores chegaram de manhã, para a primeira concentração do dia, no calçadão da igreja matriz da cidade. Representantes de entidades e movimentos sociais fizeram a recepção às duas colunas de manifestantes. À tarde, os sem-terra se reuniram numa audiência pública contra a criminalização dos movimentos sociais, no auditório da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

As manifestações foram tranqüilas. A única ocorrência registrada no evento foi a derrubada acidental de um poste por um ônibus que transportava os sem-terra.

As ações no Paraná integram as decisões tomadas durante a Jornada de Lutas por Reforma Agrária, realizada dia 25 para marcar o Dia do Trabalhador Rural. Outras ações dos sem-terra ocorreram em outros estados. Na terça-feira, enquanto um grupo chegava a Florianópolis (SC) e montava acampamento em frente a Assembléia Legislativa, no estado de São Paulo integrantes do movimento ocupavam o escritório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na cidade de Itapeva.

Além da ocupação no interior paulista, trabalhadores rurais continuam mobilizados na Superintendência da Incra em Brasília e nas unidades de São Paulo, de Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza. Também prossegue a ocupação da fazenda do Grupo Opportunity, de Daniel Dantas, no Pará.

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