O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mantém sete fazendas ocupadas no interior de São Paulo, numa ação para acelerar a reforma agrária no Estado. Em dois casos, a retirada dos invasores já foi determinada pela justiça. Algumas áreas foram ocupadas por dissidentes do movimento, com apoio de sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O maior contingente, com 350 sem-terra, ocupa a fazenda Santo Henrique, do grupo Cutrale, em Borebi, região de Bauru, invadida em 28 de setembro. É um dos casos em que a reintegração de posse será feita pela Polícia Militar. Outros 60 militantes do MST foram despejados da fazenda Ponte Alta, em Agudos, e ocuparam, na segunda-feira (5), a fazenda Macaé, no mesmo município.
Cerca de 170 integrantes do movimento acamparam na madrugada desta terça-feira (6) na fazenda Boa Vista, em Itapetininga, região de Sorocaba. De acordo com o coordenador estadual, Joaquim da Silva, o alvo é uma propriedade vizinha, a fazenda Santa Maria da Vargem, com 690 hectares. "Não entramos nela por causa do decreto do governo federal que proíbe a desapropriação de terra ocupada".
Segundo o líder, a propriedade foi considerada improdutiva em vistoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Hoje, a terra está arrendada para plantadores de trigo e batata, mas importa que deu improdutiva e queremos que o governo federal assine o decreto de desapropriação". Os donos da Boa Vista conseguiram ordem de despejo, mas os sem-terra ainda não foram notificados.
Também em Itapetininga, cerca de 30 famílias mantêm ocupados, desde 29 de setembro, os 198 hectares da fazenda agrícola da Escola Técnica Prof. Edson Galvão, que tem mais de 400 alunos e é administrada pelo Centro de Educação Tecnológica Paula Souza, do governo estadual. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) recebeu só nesta terça (6) os documentos para entrar com pedido de reintegração de posse.
Em Dracena, na Alta Paulista, há cerca de 70 militantes na fazenda Santo Antônio, de 968 hectares. No município de Arco Íris, na região de Araçatuba, foi ocupada por 80 sem-terra a fazenda Santa Clara, de 1,4 mil hectares. As duas áreas foram ocupadas por dissidentes ligados a José Rainha Júnior, que trabalha na preparação da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pontal do Paranapanema, no próximo dia 30. Lula inaugurará uma usina de açúcar e álcool e visitará um assentamento em Mirante do Paranapanema.
Há 60 dias, dissidentes do MST apoiados pela CUT invadiram o Sítio Santa Marina, com apenas 31 hectares, em Pederneiras, a 320 quilômetros de São Paulo. O proprietário, Antonio Aversa Neto, disse que o sítio é um "minifúndio produtivo" e não entende porque está na mira dos sem-terra. Sua propriedade está encravada num assentamento do Incra, mas tem documentação própria e regular. Nesse caso, a Justiça estadual transferiu para a federal a decisão do despejo.
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