Cascavel – Cerca de mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam na madrugada de ontem a Fazenda Três Pontos, em Diamante do Oeste, no Oeste do Paraná. De acordo com a Polícia Militar (PM), a ação foi pacífica e é a primeira este ano no estado. Os sem-terra reivindicam a fazenda para reforma agrária.

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A ocupação da propriedade, às margens da PR-488, iniciou por volta das 5 horas com caminhões, carros, ônibus e até táxi transportando os sem-terra. Eles se instalaram na sede da fazenda e nas proximidades das casas das cinco famílias que trabalham no local. Os funcionários foram obrigados a deixar o local, que pertence ao produtor rural e empresário César Cabral. O dono reside no Paraguai onde teria outros imóveis rurais e uma fábrica de cigarros.

O administrador do imóvel foi quem registrou queixa ontem. A fazenda tem aproximadamente 1,5 mil hectares. Desse total, 168 hectares para o plantio de grãos e o restante coberto por pastagens. Ainda segundo a polícia, a fazenda conta com aproximadamente 1,8 mil cabeças de bois para a engorda e outras 70 vacas para a produção de leite – os funcionários retiraram apenas as vacas leiteiras do local.

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A reportagem esteve ontem na área, mas os sem-terra não permitem a entrada e não quiseram se manifestar. Eles se limitaram a dizer que vão permanecer no local. A intenção é pressionar para que a fazenda seja desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A ocupação envolveu famílias acampadas de cidades vizinhas de Diamante do Oeste, como Ramilândia, Matelândia, São Miguel do Iguaçu e Itaipulândia, além de famílias brasiguaias (brasileiros que vivem no Paraguai).

A Polícia Militar está acompanhando a movimentação. "O comando do 6.º Batalhão da Polícia Militar, em Cascavel, já foi comunicado sobre a invasão da fazenda. Até agora, toda a ação dos sem-terra tem sido pacífica", disse a sargenta Nerci Moreira, da 3.ª Companhia da Polícia Militar de Matelândia.

Syngenta

A multinacional Syngenta Seeds anunciou ontem que impetrou mandado de segurança contra a desapropriação da estação de pesquisa em Santa Tereza D’Oeste. "Existem outros lugares mais adequados na região para instalações dessa natureza", disse Pedro Rugeroni, diretor-geral da Syngenta Seeds no Brasil.

A desapropriação foi decretada pelo governo estadual em 9 de novembro, dias depois da Syngenta conseguir na Justiça a reintegração de posse da área de 143 hectares. Cerca de 300 integrantes da Via Campesina chegaram a ficar quatro meses no local. Após a decisão da Justiça, os sem-terra saíram da fazenda pacificamente. Mas com a desapropriação, voltaram uma semana depois.

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