Praças são palco comum de protestos dos sem-terra
A escolha de uma praça de pedágio como local de um protesto contra o tráfico de drogas foi estratégica, segundo a definição do próprio Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). "Se a gente fizesse isso no assentamento ou mesmo na cidade ninguém ia prestar atenção. A melhor maneira de chamar a atenção do estado todo é vindo para o pedágio", explica a agricultora Kelly Resende, uma das lideranças da manifestação realizada ontem, em São Miguel do Iguaçu, Região Oeste.
Inquérito foi encaminhado para a Justiça Federal
O delegado da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu, Danilo Cesto, responsável pela apreensão, em outubro de 2007, dos 1.590 quilos de maconha que saíram do assentamento, disse que concluiu o inquérito e encaminhou à Justiça Federal. Na ocasião não foi feita a prisão dos acusados porque o motorista do caminhão abandonou o veículo e fugiu. Apesar disso, três integrantes do MST foram indiciados.
Audiência judicial acaba sem decisão
A audiência realizada no final da tarde de ontem na Justiça Federal de Foz do Iguaçu não resolveu o impasse do retorno das famílias acusadas ao assentamento. O propósito era atender ou não pedido de reintegração de posse do agricultor Amandio Teles, 59 anos. Ele faz parte de uma das seis famílias expulsas do assentamento e alega inocência.
São Miguel do Iguaçu - Cerca de 350 agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem a praça de pedágio de São Miguel do Iguaçu, no Oeste do estado, e liberaram as cancelas em protesto contra a ação de traficantes de droga. Eles querem que a Justiça não permita o retorno de seis famílias acusadas de envolvimento com narcotraficantes ao assentamento Antonio Tavares, localizado ao lado do pedágio. O assunto foi tratado em audiência pública realizada no final da tarde na Justiça Federal de Foz do Iguaçu.
As famílias foram expulsas pelo próprio MST no segundo semestre do ano passado, após a polícia ter apreendido 1.590 quilos de maconha. A droga estava escondida em meio a sacos de ração para suínos em um caminhão interceptado na BR-277 o caminhão havia deixado o assentamento, uma área de 1.097 hectares, situada às margens do Lago de Itaipu que fica a 10 minutos do Paraguai de barco. Conhecida como Fazenda Mitacoré, a propriedade pertencia ao extinto Banco Bamerindus e hoje abriga 80 famílias assentadas. Os acusados querem viver novamente no assentamento.
Líderes do MST fizeram uma investigação por iniciativa própria depois de a Polícia Civil apreender o caminhão com maconha e alegam ter encontrado entorpecentes nos lotes das seis famílias acusadas. Em um deles teriam sido encontrados 22 quilos de maconha e quatro pedras de crack.
A agricultora Kelly Resende, 23 anos, porta-voz dos assentados, disse que os traficantes pagavam para alguns agricultores esconderem as drogas nos lotes enquanto outros se encarregavam de fazer o transporte via Lago de Itaipu. Outra assentada, Carla Leizimar, 30 anos, afirma ter sido ameaçada. "Eles ligavam falando para eu me cuidar e para não deixar a casa aberta", diz. Os sem-terra temem que o tráfico e as ameaças voltem ao assentamento caso as seis famílias sejam reintegradas.
Um dos coordenadores estaduais do MST, Roberto Baggio, participou do protesto e disse que as famílias acusadas não se encaixam no perfil de agricultores sem-terra. "Eles não preenchem os requisitos do Incra. Para serem assentadas, as famílias têm que atender critérios", afirma.
Baggio sustenta que o problema enfrentado pelo MST com os narcotraficantes concentra-se na Região Oeste do Paraná pelo fato de a área ser estratégica e de fronteira.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou ontem que está acompanhado o caso e pretende evitar conflito entre os agricultores. Uma das propostas em discussão é transferir as famílias para outros assentamentos até o processo ser concluído. Segundo o Incra, as famílias não foram oficialmente acusadas e o processo ainda está tramitando. Atualmente, elas vivem em cidades da região.
Protesto pacífico
A praça de pedágio foi ocupada por volta das 10 horas e liberada às 16h30, para representantes do movimento acompanharem a audiência de conciliação. Com bandeiras do movimento e faixas condenado o tráfico, os assentados observavam pacificamente veículos cruzarem o pedágio sem precisar desembolsar dinheiro. Alguns motoristas buzinavam aprovando a iniciativa. Uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou o protesto.
A concessionária Ecocataratas, responsável pelo trecho, não havia calculado o prejuízo acumulado com o protesto ontem. Em média circulam pela praça 6,5 mil veículos ao dia. A empresa chegou a ingressar com mandado de reintegração de posse, que não chegou a ser cumprido.
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