Confronto entre MST e PM termina com cinco feridos

Um confronto entre policiais militares e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deixou cinco feridos ontem, em São Gabriel, no Sudoeste do Rio Grande do Sul. Três policiais e um sem-terra foram atendidos na Santa Casa e liberados. O policial Alcino Marques ficou internado e não tinha previsão de alta até o início da noite.

O conflito ocorreu no fim da manhã, quando uma marcha de trabalhadores rurais em memória aos 11 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará (onde 19 sem-terra foram assassinados por policiais) encontrou uma guarnição da Brigada Militar que vigia o acesso à Fazenda Southall. Segundo os trabalhadores, os policiais avançaram sobre o grupo de cerca de 300 sem-terra, disparando e provocando pânico. Os militantes do MST reagiram a pedradas.

De acordo com a Brigada, os cerca de dez soldados que faziam a patrulha foram atacados pelos lavradores e, inferiores numericamente, dispararam balas de borracha e bombas de efeito moral para controlar a situação. No embate, os sem-terra conseguiram acertar pedradas e ferir quatro soldados. A situação foi controlada no início da tarde.

Os protestos do MST também continuaram ontem em vários estados brasileiros. No sertão sergipano, centenas de manifestantes ocuparam o escritório da Companhia de Abastecimento de Sergipe, no município de Poço Redondo. Na zona da mata de Minas Gerais, integrantes do MST e estudantes invadiram o prédio do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. Em Goiás, só nesta semana foram cinco fazendas ocupadas pelo MST.

CARREGANDO :)

Cerca de 30 horas depois do início do protesto pela reforma agrária, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) desocuparam ontem, no início da tarde, as últimas das 25 praças de pedágio que haviam sido tomadas na terça-feira, no Paraná. A saída foi pacífica. As seis concessionárias de pedágio reassumiram o controle e logo voltaram a cobrar a tarifa dos usuários que passavam pelas rodovias.

A ocupação das praças começou por volta das seis horas da manhã de terça. Desde 1996, quando 19 trabalhadores sem-terra foram assassinados pela polícia em Eldorado dos Carajás, no Pará, o dia 17 de abril se tornou um símbolo da luta pela distribuição mais igualitária das terras no país. Em 2002, um decreto sancionado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso criou oficialmente o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Publicidade

Durante a terça, os manifestantes permaneceram em 25 das 27 praças do estado. Apenas os postos de cobrança de Jaguariaíva e de Imbituva ficaram de fora do protesto. À noite, algumas das concessionárias já haviam conseguido liminares judiciais para desocupar as praças. Em duas delas, a ordem dos oficiais de justiça não foi atendida pelos sem-terra. A Polícia Militar foi chamada e acompanhou os oficiais, que com o reforço conseguiram a desocupação.

Na maioria das praças, porém, a saída dos manifestantes foi espontânea. As últimas desocupações ocorreram por volta das 16 horas de ontem. Para o MST, a manifestação foi um sucesso. "Conseguimos mobilizar a opinião pública e nos aproximar da população", afirmou José Damasceno, membro da coordenação estadual do movimento.

A seção paranaense da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias ainda calculava ontem quanto dinheiro as concessionárias perderam com o protesto, já que não puderam cobrar tarifa. "Vamos ver quantos veículos passaram sem pagar e certamente isso vai ser levado para a negociação do reequilíbrio econômico-financeiro do contrato (feita periodicamente com o Departamento de Estradas de Rodagem)", afirmou João Chiminazzo Neto, diretor-regional da associação. Segundo ele, o dinheiro deve ser reposto no contrato, já que é praticamente impossível cobrar o valor dos próprios manifestantes. A Viapar, que opera na região de Maringá, afirmou ontem que em suas praças o prejuízo por ter deixado de cobrar a tarifa por cerca de 30 horas é estimado em R$ 440 mil.

Chiminazzo diz que houve poucos prejuízos materiais nas praças. "Dessa vez não houve quebra-quebra", afirmou. Segundo ele, em algumas praças os sem-terra cortaram cabos de câmeras. Damasceno, do MST, diz que houve orientação para que os integrantes do movimento não quebrassem nada nem causassem danos às praças. "É claro que em uma manifestação com 3 mil pessoas é impossível evitar que um problema ou outro aconteça, mas não era a nossa intenção", disse.

O incidente mais grave dos dois dias da manifestação ocorreu em Castelo Branco, na região de Maringá, onde um menino de 10 anos que acompanhava os sem-terra estava atravessando de uma cancela para outra e foi atingido por um automóvel, machucando o rosto, mas sem gravidade. Ele foi socorrido pela equipe da Viapar e encaminhado para um hospital em Maringá.

Publicidade