Foto da página do MST mostra como foi a ação na quarta-feira (4) próximo à entrada da Araupel| Foto: Reprodução/Facebook

A tensão em Quedas do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, tem se acirrado nas últimas semanas e, no final da tarde desta quarta-feira (4), chegou próxima a um confronto entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e funcionários da Araupel, empresa de beneficiamento de madeira que teve suas terras ocupadas pelo movimento.

CARREGANDO :)

Sem poderem retirar a madeira bruta da área de reflorestamento devido ao avanço das ocupações, funcionários da empresa estão parados desde a semana passada em uma estrada rural que dá acesso à Araupel. Mas, no final da tarde desta quarta-feira, foram obrigados a desobstruírem a via.

Comércio fecha e população vai às ruas contra o MST em Quedas do Iguaçu

Leia a matéria completa
Publicidade

Um grupo de aproximadamente 500 sem-terra chegou ao local e exigiu a saída dos funcionários da estrada. A Polícia Militar (PM) foi acionada, pois havia risco de confronto entre os grupos, mas depois de mais de uma hora de negociação, os trabalhadores da Araupel desobstruíram a via. Os integrantes do MST deixaram o local e, antes de retornarem aos assentamentos e acampamentos da região, desfilaram pelas ruas da cidade com dezenas de motos e alguns carros. Eles fizeram um “buzinaço” pelas ruas da cidade. Muitos não usavam capacetes.

O MST informou que se a estrada for novamente obstruída voltará para reabri-la novamente. “Se precisar vamos abrir quantas vezes for possível”, disse Rudmar Moeses, integrante do movimento. Segundo o MST, com o bloqueio da rodovia, os moradores do assentamento Celso Furtado não podiam chegar à cidade.

A PM acompanhou de perto a ação do movimento, mas não houve necessidade de interferência.

Rodovias são fechadas em protesto contra o MST em Quedas do Iguaçu

Leia a matéria completa

Batalha virtual

O conflito agrário também ganha espaço no mundo virtual com duas páginas criadas na rede social Facebook. De um lado a página “Essa Terra é Nossa” e de outro a “Sou a favor da Araupel” trocam farpas, ameaças e elevam os riscos de um conflito fora de controle e com consequências perigosas.

Publicidade

Com 15,8 mil seguidores, a página Sou a Favor da Araupel se define como um “movimento contra as ações ‘criminosas’ do MST. A favor do trabalho, da liberdade e do respeito a propriedade”. Já a Essa Terra é Nossa, que possui pouco mais de 1,5 mil seguidores traz a seguinte descrição sobre seus objetivos. “Lutar, construir, reforma agrária popular”.

Em tom agressivo, a Sou a Favor da Araupel em suas postagens classifica o MST de “terroristas”, “bandidos”, “vagabundos”, “delinquentes”, “marginais” entre outros adjetivos. Após a ação do MST nesta quarta-feira, a página fez a seguinte postagem. “Com objetivo de amedrontar a população de bem mais uma vez, os bandidos saíram de seus barracos. Os vândalos estavam sem capacetes, trepados em cima de carros e com armas em punhos, hoje nossa cidade ficou em pânico mais uma vez”.

A página também faz duras críticas ao governo do PT e exige do governador Beto Richa (PSDB) o cumprimento de mandados de reintegração de posse já expedidos pela Justiça. O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, Nilton Bezerra Guedes e o assessor especial para Assuntos Fundiários do governo do Estado, Hamilton Serighelli, também são alvos constantes da página que acusa a ambos de serem defensores do MST.

Do outro lado, a página mantida pelo MST responde as provocações e também faz ataques. Na manhã desta quinta-feira (5), uma nova postagem fazia referência ao quase confronto do dia anterior. “Mexeu com os assentados, mexe com os acampados e se tentarem atacar os acampamentos imediatamente os assentamentos se mobiliza”. Assim é o MST”.