Recife - Quinze ocupações de terra e a interdição de um lixão no município de Glória de Goitá, na região da Zona da Mata. Este foi o saldo, até o final da tarde de ontem do Abril Vermelho iniciado no domingo, em Pernambuco, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) para denunciar a "inoperância" do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "Somente 70 famílias foram assentadas em 2009", destaca o líder estadual Jaime Amorim.
As invasões mobilizaram 2.080 famílias em 14 municípios, de acordo com o MST, que afirma não ter havido registro de conflito. Oito das ocupações foram realizadas no domingo e as outras sete ontem. Deste total, cinco ocorreram em engenhos de cana de açúcar.
A assessoria de imprensa do Incra limitou-se a dizer que não pode confirmar se as áreas ocupadas são ou não improdutivas. O Incra antecipou também que aguarda a ocupação do órgão, no Recife, prevista pelo MST, no próximo fim de semana.
Em Glória do Goitá, as famílias do assentamento Canavieira interditaram a entrada de caminhões carregados de lixo ao lixão da cidade. Eles alertaram para o perigo de contaminação da água que abastece parte da cidade pelo lixão e pediram sua transferência para outro local.
Moradores de um acampamento do MST, situado nas margens da BR-163, em Naviraí, Mato Grosso do Sul, fecharam ontem a rodovia. No local vivem 600 famílias aguardando a desapropriação da Fazenda Mestiço, localizada no mesmo município, extremo sul do estado. Eles querem a instalação de redutor de velocidade em frente às barracas de lona plástica, onde neste ano aconteceram 30 atropelamentos.
Em São Paulo, 150 integrantes do MST invadiram na manhã de ontem o escritório regional do Incra, em Bauru, a 345 km de São Paulo. O grupo, proveniente de um assentamento de Piratininga, reivindica melhoria na infraestrutura do local. A ação foi reforçada por integrantes da Federação dos Agricultores Familiares do Estado de São Paulo, do assentamento Aymorés, do município de Pederneiras.