São Miguel do Iguaçu – Agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem pela manhã 6 das 27 praças de pedágios do Paraná e impediram a cobrança da tarifa até o final da tarde. Eles reivindicam ao governo federal terra para assentar mais de 400 mil famílias no país até 2006, das quais 11 mil são do Paraná, além da mudança da política econômica nacional. Os manifestantes invadiram as praças de São Miguel do Iguaçu e Cascavel (BR-277), Arapongas (PR-444), Castelo Branco, Mandaguari e Mauá da Serra (BR-376).

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A manifestação, chamada de Marcha Nacional da Reforma Agrária, foi iniciada ontem em todo país com previsão para se estender até o fim da semana. O movimento está adotando diversas estratégias, que incluem a ocupação de prédios públicos e terrenos. No Paraná, o grupo optou por invadir as praças de pedágio por considerá-las símbolo da política econômica brasileira, que facilitariam aos grandes grupos concentrar a riqueza do país. "No Paraná o pedágio é símbolo da exploração e da política econômica dos grupos multinacionais", dispara o coordenador estadual do MST, Francisco de Assis.

Segundo Assis, o movimento escolheu as praças mais movimentadas do estado como palco da manifestação para conseguir sensibilizar a população. Para ele, a política do atual governo prioriza os juros altos e destina poucos recursos para a saúde e educação. Apesar do protesto, o MST diz que o estado do Paraná foi o único do país que cumpriu a meta de assentamento em 2004, chegando a repassar terra a cerca de 3 mil famílias. Atualmente, o movimento está ocupando cerca de 40 áreas em todo Paraná.

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Em Cascavel, os manifestantes invadiram a praça de pedágio por volta das 8h. Cerca de 500 sem-terra vindos de acampamentos do Complexo Cajati, no interior do município, permaneceram no local até às 17 horas. Além de suspender o pagamento da tarifa, os agricultores bloquearam o trânsito na BR-277 das 10 às 10h30, o que ocasionou a formação de longas filas nos dois sentidos da rodovia. A Polícia Rodoviária Federal acompanhou a manifestação de longe, mas não interviu.

Na praça de São Miguel do Iguaçu, situada a 40 quilômetros de Foz do Iguaçu, cerca de 200 sem-terra do assentamento Antonio Tavares, antiga Fazenda Mitacoré do Grupo Bamerindus, impediram a cobrança de pedágio a partir das 9h. Eles liberaram o posto às 17h.

Em Mauá da Serra, na Região Norte, os sem-terra permaneceram na praça durante nove horas. De acordo com o MST, cerca de 100 manifestantes participaram do protesto. Pela tarde, o grupo impediu a passagem de motoristas durante 15 minutos, alternando com a liberação do trânsito. A Rodonorte, concessionária que administra o trecho, informou que apenas 50 sem-terra participaram do protesto. Pela rodovia passam 4000 veículos, em média, por dia.

Na região de Maringá, três praças foram ocupadas. Os sem-terra chegaram à praça Presidente Castelo Branco, a 40 quilômetros de Maringá, por volta das 7 horas. Dois ônibus pararam próximo às cabines e aproximadamente 100 agricultores liberaram a passagem para os veículos.

O mesmo grupo seguiu para Mandaguari para suspender a cobrança a partir das 9h, onde uma câmera de vídeo foi quebrada e apenas uma pista de acesso foi utilizada. O pedágio de Castelo Branco foi ocupado pela segunda vez, por volta das 8h15, por outras 80 pessoas.

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Em Arapongas, cerca de 100 pessoas participaram do protesto. A Viapar, administradora do trecho, conseguiu reintegração de posse e os oficiais de justiça comparecem ao local para desocupar a praça.

Os motoristas que passavam pelas praças comemoravam a atitude do MST buzinando os carros, apesar de boa parte deles desconhecerem os motivos que levaram os sem-terra a liberar as cancelas. "Não sei o motivo da manifestação, mas o preço do pedágio está muito alto", disse Nelson Peres.

* Na sua opinião, o MST invadir praças de pedágio tem alguma coisa a ver com luta pela reforma agrária, principal bandeira do movimento? Qual seria então a motivação? Para participar acesso o: www.ondarpc.com.br/interativo/forum.phtml.