Sem-terra chegam para montar acampamento no pátio da Conab em Apucarana| Foto: Delair Garcia

Apucarana - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem o pátio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Apucarana. O grupo de cerca de 300 sem-terra chegou por volta das 7 horas, num comboio de vários ônibus e caminhões, abriu os portões e ocupou boa parte do pátio. De imediato eles montaram barracas de lona e improvisaram uma cozinha comunitária.

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Diego Moreira, representante da Coordenação Estadual do MST, anunciou que os sem-terra permanecerão acampados por tempo indeterminado. Segundo ele, o movimento exige do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mais agilidade na desapropriação de áreas para o assentamento de cerca de 6 mil famílias, que estão acampadas no Paraná. Ao mesmo tempo, os manifestantes querem a retomada imediata de cestas básicas para os 65 acampamentos no estado.

"O governo federal, por meio do Incra e da Conab, assumiu compromisso de entregar uma cesta básica por mês, para cada uma das famílias acampadas e isso não está sendo cumprido", critica Moreira, lembrando que o último lote foi entregue em novembro. "O Incra diz que a Conab não agiliza a entrega das cestas, já a Conab acusa o Incra de não liberar os recursos. Nesse jogo de empurra os sem-terra passam fome."

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Quanto à reforma agrária, Diego Moreira assinala que o governo Lula prometeu assentar 134 mil famílias ao ano e que isso também não está sendo resgatado. "No Paraná os dois últimos assentamentos foram criados na Fazenda 7 Mil, em Jardim Alegre, com 800 famílias, em 2005, e na Araupel, em Quedas do Iguaçu, com 1,5 mil famílias, em 2006", relata, assinalando que existem famílias morando debaixo de lona há dez anos. A Coordenação Estadual do MST reitera que permanecerá no pátio até obter garantias de cumprimento de suas reivindicações, inclusive uma audiência com o superintendente da Conab no Paraná.

Negociação

Jeferson Raspante, gerente da Conab em Apucarana, admite que o acordo existe. "O último lote foi entregue no fim de novembro e, a partir daí, a Conab aguarda um novo repasse de recursos pelo Ministério do Desenvolvimento Social", argumenta. Ainda ontem, o gerente transmitiu ao superintente regional da Conab, Lafaete Jacomel, em Curitiba, as reivindicações do MST e agora espera orientação de seus superiores em Curitiba e Brasília, para encaminhar as negociações com uma comissão do movimento. Os armazéns da Conab em Apucarana centralizam a distribuição de cotas de alimentos para os 65 acampamentos dos sem-terra no estado.