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Ministério da Fazenda, em Brasília, foi ocupado anteontem; no mesmo dia, os sem-terra deixaram o local após acordo | Fábio Pozzebom/ ABR
Ministério da Fazenda, em Brasília, foi ocupado anteontem; no mesmo dia, os sem-terra deixaram o local após acordo| Foto: Fábio Pozzebom/ ABR

No Sul e no Nordeste, invasões continuam

Agindo em duas frentes ao mesmo tempo, ontem o MST ocupou uma área da Fazenda Southall, o saguão da prefeitura de São Gabriel e o Incra, no Rio Grande do Sul. O movimento reivindica, en­­tre outras coisas, melhorias na infraestrutura do assentamento criado na cidade no fim de 2008, em parte da fazenda. Outra parte da propriedade foi invadida ontem por cerca de 700 sem-terra. De acordo com o MST, entre os problemas do assentamento – formado por 700 famílias – está a falta de transporte escolar, que impede que as crianças estudem, e a ausência de água potável.

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As manifestações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) por pelo menos 12 estados brasileiros não adiantaram nada até agora: tanto em Brasília quanto em Curitiba as audiências realizadas ontem à tarde serviram apenas para relembrar os problemas antigos. Os sem-terra saíram decepcionados porque o governo federal não se comprometeu em assentar as 90 mil famílias brasileiras acampadas atualmente; em Curitiba, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a posição foi a mesma.

"É praticamente impossível as­­sentar as 5 mil famílias, no Paraná, até o fim do ano. A meta é ins­­talar mil", disse a superintendente regional, Cláudia Sonda. Com isso, o movimento deixou a se­­de regional do Incra, na Rua Dr. Faivre, no fim da tarde de ontem. O trânsito, nestes dois dias de ocupação, ficou prejudicado na região.

Os 700 integrantes do MST devem permanecer em Curitiba até sexta-feira, quando participam, na Boca Maldita, de mais uma manifestação nacional. Em Brasília, os sem-terra continuarão em vigília, aguardando uma resposta do governo federal.

"Tem muita coisa que depende de Brasília, por isso não dá para re­­­­solver por aqui", afirmou o co­­ordenador estadual do MST no Paraná, José Damasceno. Ontem pela manhã, no Incra, os trabalhadores discutiram o plano de desenvolvimento para os assentamentos. A única questão resolvida é a adoção de uma agenda de acompanhamento dos assentados. A assistência técnica nos assentamentos prevê investimentos de R$ 20,1 milhões até 2011.

À tarde, Cláudia disse que, das 85 áreas com acampados, o Incra pode se comprometer a agilizar a desapropriação de ao menos 10 delas. "Temos 80 mil hectares de terra vistoriados, mas a situação é complicada, porque o aspecto jurídico atrasa tudo. Listei áreas que estão com o recurso dos proprietários em última instância, no Superior Tribunal de Justiça. Estas terão uma resolução mais rápida", afirma.

Em Brasília, o encontro reuniu os ministros do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. A líder nacional do MST, Marina dos Santos, disse estar preocupada também com o fato de o governo não se comprometer com o descontingenciamento de R$ 300 milhões para a reforma agrária. Ela, no entanto, não fez ameaças de novas invasões e evitou tratar o presidente como traidor do movimento, como havia feito anteontem.

Após o encontro, Cassel afirmou que o orçamento de obtenção de terras este ano é de R$ 958 milhões – R$ 300 milhões foram contingenciados e os R$ 600 milhões já foram utilizados. A líder do MST disse que espera do governo uma solução real para a execução de todos os compromissos acordados anteriormente, mas reafirmou que o movimento ficará apenas de vigília, sem novas invasões. "O que houve nas manifestações foi uma demonstração de cansaço e insatisfação sobre como a reforma agrária está sendo tratada no país", justificou.

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