Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam três fazendas no interior de São Paulo entre a manhã de quarta-feira e a madrugada desta sexta para pressionar o governo a acelerar a reforma agrária. A jornada de ações, iniciada na terça-feira com a invasão do escritório regional da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) por 300 membros da entidade, já mobilizou 1.250 famílias. Em carta aberta, o MST ameaça com novas ações: "Ou faz a reforma agrária, ou o bicho vai pegar."

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A fazenda Rancho Alegre, em Castilho, foi tomada por 400 famílias de madrugada. Os sem-terra chegaram num comboio de caminhões e ônibus, cortaram a cerca e iniciaram a montagem do acampamento. De acordo com o movimento, a propriedade de 500 hectares foi considerada improdutiva. As lideranças querem o assentamento "imediato" de mil famílias que estão acampadas na região.

"A ocupação é um posicionamento público para exigir a reforma agrária", informa nota distribuída pelo movimento. Advogados da proprietária do imóvel, Eliana Ribas Vicente, entraram com pedido de reintegração de posse e aguardam a decisão da Justiça.

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Em Cafelândia, região centro-oeste do Estado, 200 sem-terra invadiram a fazenda Bertazzoni, do Grupo Bertazzoni. O objetivo, segundo o MST, é pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a acelerar o processo de desapropriação ou compra de outras quatro propriedades na região.

No município de Serrana, região norte, foi invadida a fazenda Martinópolis, pertencente à usina de cana-de-açúcar Nova União. A Justiça atendeu pedido da empresa e mandou despejar os invasores. Policiais militares cumpriam a liminar de reintegração de posse, apesar da resistência dos 350 sem-terra. Depois de seis horas de negociação, eles concordaram em desmontar os barracos e iniciaram a mudança para a área de um assentamento.

Urgência

Nota do MST informou que a jornada de lutas no Estado de São Paulo vai continuar. "Somos mais de duas mil famílias acampadas em todo o Estado e com esta jornada queremos reafirmar a necessidade e a urgência da reforma agrária em nosso País e, ao mesmo tempo, denunciar a morosidade dos órgãos competentes no que diz respeito à arrecadação de áreas para a realização dos assentamentos."

O movimento questiona ainda o orçamento disponível para obtenção de áreas em 2011, de R$ 600 milhões de reais, "insuficiente para atender a demanda das mais de 90 mil famílias acampadas em todo o Brasil".

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