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"O Plano Agache é superestimado. Nós o vemos com uma certa caipirice", diz o arquiteto, urbanista e historiador Irã Taborda Dude­que, 43 anos, professor de História da Arquitetura na PUCPR. Ano pas­­sado, Dudeque lançou o livro Nenhum dia sem uma linha – uma história do urbanismo em Curitiba, com 432 páginas nas quais trata da era Agache em cinco capítulos.

A análise muda o rumo da discussão que o trata como um assunto mu­­ni­­cipal, como se o prefeito tivesse tu­­tano para mandar buscar na França um sujeito do naipe de monsieur Agache e pagar seus prés­­timos. "Estávamos na gestão Vargas. Os governadores eram chamados de interventores e os prefeitos não passavam de mestres de obras. O Plano Agache era um projeto da ditadura. Tem de desmunicipalizar essa discussão. Não era Curitiba, era o Estado Novo", explica. Há outro aspecto pouco reforçado: outras cidades também estavam vivendo seus "agaches".

O arquiteto trabalhou no Rio, Recife e Porto Alegre, entre outras. Pesquisas futuras podem mostrar o que havia de comum entre essas montanhas de mapas desenhados em uma dezena de prefeituras. Se foram realizados. Se deixaram alguma herança. Como a ditadura Vargas acabou em 1945, a história ficou por aí mesmo. Daí a nostalgia que suscita. "Tem semelhanças com Paris, é verdade, mas era co­­mum na época projetos com essa proposta", desmistifica Dudeque.

Um olhar mais desapaixonado não deixa mentir. No Agache curitibano, e provavelmente no de ou­­tros lugares, impera o estilo art déco sombrio, bem à moda Vargas, e a afirmação das ideologias da ditadura. Uma delas cabe dentro do grande Ginásio de Esportes, projetado para estar entre o Estádio Couto Pereira e a PUC. "Era no campo do São Januário, no Rio, que Vargas fazia seus discursos para a massa", pontua. O ginásio curitibano teria o mesmo destino. (JCF)

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